sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A Educação que premia o mau estudante


        O governo Tarso presta um desserviço à Educação com a nova forma de avaliação implantada no currículo escolar gaúcho. A partir de agora, os alunos poderão reprovar em até uma matéria, ou seja, iniciam o ano letivo sabendo que podem ir mal em uma disciplina que serão aprovados.
       Ora, isso é a antítese do que se apregoa para o desenvolvimento pessoal e de qualquer sociedade. É o fim da meritocracia e a falência do próprio sistema de ensino, pois desestimula o bom aluno a buscar boas notas e superar seus limites.
      Parece que o objetivo é incentivar a mediocridade e o comodismo, quando o governo deveria ser o primeiro a cobrar a excelência na Educação e promover o crescimento dos estudantes e de toda a comunidade escolar.
     Na China, por exemplo, os professores cujos alunos têm as notas mais altas são melhores remunerados justamente para incentivá-los a ensinarem com qualidade e a cobrarem de seus alunos. Aqui faz-se justamente o contrário: premia-se quem prefere o comodismo em detrimento daqueles que se esforçam o ano inteiro e procuram se destacar em sala de aula. Pobre Rio Grande, jogado à própria sorte nas mãos de quem não tem a Educação como prioridade e não a vê como única ferramenta capaz de mudar o Homem.

      Bom final de ano a todos. 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Por quê a Arena é mais do que a nova casa do Grêmio

                                                                                        Agência RBS
Um novo tempo se inicia no futebol brasileiro

        O Grêmio inaugurou no sábado 8 de dezembro sua Arena. No entanto, o mais moderno espaço para o futebol e espetáculos em toda a América Latina representa mais do que a nova casa dos gremistas. Embora ainda a torcida não tenha referência para nada, afinal, tudo é novidade, tudo é grande, tudo é impressionante, a começar pela festa de inauguração, que mais parecia abertura de Olimpíada, o Grêmio eleva a um outro patamar o espetáculo futebol no Brasil. E isso é extremamente positivo para todos, inclusive para o arqui-rival Internacional e os demais clubes, pois passa-se a ter uma nova referência em termos de estádios e praças esportivas.
          A ousadia da atual direção, capitaneada por Paulo Odone, comprovou que é possível fazer uma obra deste porte sem dinheiro público e em tempo recorde: dois anos. O feito é memorável e coloca Odone definitivamente na história do Grêmio. Se o tempo é senhor da razão, acredito que em breve isso será reconhecido por todos, pois ele, como ninguém, viu o que poucos enxergaram em um terreno baldio no Bairro Humaitá: um novo tempo para o Grêmio e para o futebol brasileiro.
              Boa semana a todos, gremistas e colorados.
              
                
              
                

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Voto obrigatório: até quando a democracia brasileira vai conviver com essa aberração?

É preciso avançar para ter maior participação
 
          Encerramos mais uma eleição, muito se comemorou a respeito da rapidez do processo de apuração, mas na verdade há muito ainda para aperfeiçoarmos até termos uma democracia plena no Brasil.
         Sinceramente, não consigo ver como totalmente democrático um processo onde o eleitor é obrigado a comparecer às urnas a cada pleito. Se não for, é multado e não pode participar de concursos públicos, por exemplo, pois um dos requisitos para a inscrição é estar em dia com a Justiça Eleitoral.
         Mesmo assim, o eleitor mandou um recado preocupante no primeiro e no segundo turnos para juízes eleitorais, parlamentares e todos aqueles que acompanham a política.
          No primeiro turno, mais de 19% dos brasileiros aptos a votar preferiram não participar da escolha de prefeitos, vices-prefeitos e vereadores. Em São Paulo, no segundo turno, o cenário foi ainda pior, quando 30% dos eleitores não foram até as zonas eleitorais. Ou seja, à sua maneira, o eleitor está dizendo que precisamos avançar e que está descontente com o formato que convencionamos chamar de "processo eleitoral democrático brasileiro".
          A maioria dos partidos e dos políticos não querem e não têm interesse que a reforma política inclua no texto o fim do voto obrigatório por temer que as siglas com eleitores mais fiéis possam ser beneficiadas. Em um primeiro momento, acredito que isso possa ocorrer, mas na eleição seguinte, necessariamente, o eleitor perceberia a importância de sua decisão e voltaria às urnas. Desta vez, pensando melhor em suas escolhas e cobrando mais daqueles que foram eleitos para representá-lo. Isso ocorreu nos Estados Unidos e em todos os países que acabaram com o voto obrigatório, o qual amarra o eleitor, atrapalha a democracia e vai na contra-mão da participação popular na política. Ou não?
 
Bom feriado a todos.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Trânsito: até quando vamos chorar nossos mortos nesta guerra cotidiana?

Excesso de velocidade: um dos males do trânsito

       Todos os dias acontecem mais de 700 acidentes nas rodovias pavimentadas brasileiras. O que se convencionou chamar de "acidente", na verdade tem na falta de educação da esmagadora maioria dos motoristas a raiz do problema.
        Em função disso, pelo menos 35 pessoas morrem por dia e outras 400 ficam feridas, das quais 30 morrem posteriormente em decorrência do acidente. Os números foram levantados no estudo "Morte no Trânsito: Tragédia Rodoviária", realizado pelo SOS Estradas, e revelam que nossas rodovias matam mais do que a maioria das guerras em todo o mundo. 
        Não é preciso ser especialista pra saber porque cerca de 45 mil pessoas falecem por ano no País em razão do trânsito brasileiro, mas álcool, imperícia, falta de manutenção e excesso de velocidade estão entre as principais razões para este verdadeiro genocídio nas vias brasileiras.
        Simplesmente é inexplicável que apenas no Rio Grande do Sul a cada final de semana, em média, 18 pessoas morram no trânsito. Mais do que campanhas educativas, precisamos de conscientização: nosso carro não é um tanque de guerra e os demais motoristas não são nossos inimigos nas ruas. Ou nos conscientizamos disso ou a cada segunda-feira seguiremos chorando nossos mortos. E outra coisa: pelo amor de Deus, usem o cinto de segurança, seja dentro da cidade ou na autoestrada.
        Boa semana a todos.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O absurdo nosso de cada dia se repete em Viracopos

Pista interditada: 450 voos cancelados

          O Brasil é pródigo em mostrar ao mundo sua incompetência para tratar de pequenos problemas que podem afetar a vida de milhares de pessoas. Neste final de semana, mais um exemplo foi dado no Aeroporto de Viracopos, em Campinas.
           Até agora, meio-dia de segunda-feira, quando escrevo este post, o terminal seguia fechado depois de um avião cargueiro ter interditado a pista no sábado, às 20h. A Azul Linhas Aéreas, principal companhia que opera no aeroporto, já contabilizava 450 voos cancelados desde então, com transtornos para milhares de pessoas não apenas em Campinas, mas em todo o Brasil. Isso porque as companhias aéreas estão tendo que receber esses passageiros que de lá partiriam e que estavam aproveitando o feriadão em outros estados brasileiros. Um caos.
          Ora, se não conseguimos ter um plano de emergência para episódios como este, em que um cargueiro tem o trem de pousou danificado ao tocar o solo, como podemos falar em integração em um País continental como o Brasil? Está na hora de as autoridades levarem a sério o transporte aéreo brasileiro. Tudo isso às vésperas de uma Copa do Mundo e próximo de uma Olimpíada - os dois maiores eventos esportivos mundiais. É muito amadorismo e falta de respeito com quem apenas pretendia viajar e aproveitar o feriado mas, na volta pra casa, recebe um péssimo serviço em virtude da falta de gerenciamento de situações como esta. Lamentável.
         Boa semana a todos.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Marta Suplicy prova que todos têm seu preço. Será?


Senadora apoia Haddad e vai para a Cultura

Olá amigos:

Sei que esse blog tá mais abandonado que pijama em lua de mel, como diz um ditado gaudério, mas a correria da campanha tem me ocupado boa parte do tempo, o que, na verdade, serve como desculpa para a falta de atualização.

Pois hoje, apesar de ter que fazer textos para os programas de rádio, não resisti de escrever ao ver que Marta Suplicy é a nova ministra da Cultura. Mais uma vez, a senadora deu razão àqueles que dizem que todo mundo tem seu preço. Afinal, duas semanas depois de ter "decidido" apoiar o poste Fernando Haddad, Marta foi nomeada por Dilma para integrar seu ministério. Ela jurou na frente das câmeras que este fato nada tem a ver com sua decisão de apoiar o ex-ministro da Educação à prefeitura de São Paulo.

Cabe lembrar que a ex-prefeita paulista não compareceu ao lançamento de campanha de seu companheiro e saiu cuspindo cobras e lagartos após a convenção em que saiu derrotada na escolha do candidato petista à prefeitura. A política tem esse dom de fazer as pessoas esquecerem antigas mágoas e engatar novas alianças. Afinal, poucos são os que resistem ao charme e aos encantos dos gabinetes acarpetados...

Boa semana a todos e até a próxima.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

STF julga mensaleiros...e a si mesmo...

 Supremo decide o futuro dos réus e o seu próprio


       O Supremo Tribunal Federal começou a julgar esta semana o Mensalão. Ao mesmo tempo em que analisa o processo dos 38 acusados de peculato, formação de quadrilha, corrupção passiva e ativa, entre outros crimes, o STF estará sinalizando para a sociedade o que o Brasil pode esperar de sua suprema corte.
       Já no primeiro dia, uma manobra sórdida da defesa, realizada pelo ex-ministro da Justiça, Márcio Tomaz Bastos, com o apoio de dois ministros do supremo, tentou fazer com que a maioria dos acusados fosse julgada em outro foro, cabendo ao STF analisar somente os casos que envolvessem parlamentares. Não deu certo e a votação por 9 a 2 deu o indicativo de que o caso será polêmico, mas que a maioria dos juízes está disposta a não passar um atestado de que a impunidade é marca registrada deste País.
       Aliás, Márcio Tomaz Bastos tem se caracterizado em defender nos últimos tempos não apenas mensaleiros, mas também contraventores, como Carlinhos Cachoeira. Enfim, todos têm o direito à defesa, e isso vale também para mensaleiros e contraventores, não é mesmo??
       Voltando ao que interessa, o Mensalão, o Brasil não pode fazer vistas grossas ao maior escândalo de corrupção de sua história. Sob o comando de José Dirceu e com o conhecimento de Lula e de toda a cúpula do PT, foi montado o "mais atrevido esquema de corrupção de autoridades da história brasileira", nas palavras do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. 
        É esse escândalo que não pode ser esquecido e precisa receber a punição devida. Do contrário, vai virar piada de salão, como diria Delúbio Soares, o tesoureiro do PT encarregado de pagar a conta criada na primeira eleição de Lula à Presidência da República
           Bom final de semana a todos.


quarta-feira, 25 de julho de 2012

Celular derruba Raul Pont....e quem não se cuidar....


Tenho repetido exaustivamente a candidatos nesta eleição que tenham o máximo de cuidado com o uso do celular e, principalmente, com o que falam em discursos e pronunciamentos. Isso vale para o que for dito em reuniões fechadas ou abertas.
Pois na última semana o presidente estadual do PT, deputado Raul Pont, durante reunião partidária em Sapiranga que decidiu substituir o candidato a prefeito Egon Kirchheim em virtude de ele ter o registro indeferido pelo Tribunal Regional Eleitoral, falou em público o que não deveria. Lá pelas tantas, Pont bradou:

– Nós não controlamos esse bando de sem-vergonha que compõe o Tribunal Eleitoral.
       
A fala foi gravada em um celular e o vídeo vazou para a Imprensa. Pronto. O mal estar estava criado. Inicialmente o deputado tentou negar mas, diante do inegável, recuou. 
O prefeito de Canoas, Jairo Jorge, logo percebeu o tamanho da encrenca em que Pont colocou o PT e tratou de pedir desculpas ao TRE. Foi além: deixou claro que a manifestação não representava o pensamento da sigla e foi totalmente fora de propósito. Jairo Jorge é candidato e sabe, como poucos, que ter a Justiça contra si é o pior dos cenários em uma campanha.
Que a lição sirva para todos, candidatos ou não: devemos pensar bem ao fazermos uso da palavra. Como alguém já disse, "palavras são como flechas: uma vez disparadas não voltam ao arco inicial"... 
Boa semana a todos.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Cinco anos sem Júlio Redecker: os bastidores de minha convivência com o melhor de todos

                                                    Edison Castêncio
Líder da Minoria: convivência com o poder

Hoje faz cinco anos da maior tragédia da aviação brasileira. Em 17 de julho de 2007 o avião da TAM que iria de Porto Alegre para São Paulo teve problemas no pouso e se chocou contra um angar de cargas da companhia, no Aeroporto de Conconhas, vitimando 199 pessoas. Entre elas estava meu amigo, chefe e deputado federal Júlio César Redecker.
Minha história com Júlio Redecker iniciou em 1992. Eu era editor de Geral no Jornal NH e, a convite do editor de Economia, Luiz Carlos Erbes, fui a um jantar promovido pela Associação dos Exportadores Brasileiros (AEB).
Júlio não era o presidente. Ocupava a secretaria executiva da entidade, mas atuava como se fosse seu representante máximo. Ele falava bem, apresentava dados sobre o setor, dava sugestões de como o governo deveria desonerar a vida dos exportadores e, naturalmente, encantava a todos. Saí daquele encontro impressionado, confesso.
Fui reencontrá-lo dois anos mais tarde, em Sapiranga, já como pré-candidato a deputado federal. Disse-me: “Vou concorrer a deputado. E vou me eleger!”, exclamou convicto na porta do carro. Pensei comigo:
- O cara é bom, mas nunca teve um cargo público e quer ir direto a federal...Acho difícil...
Júlio já tinha perdido em duas oportunidades. Tentou, sem sucesso, se eleger prefeito de Taquari, sua cidade natal, em 1982. Quatro anos mais tarde buscou uma cadeira na Assembleia Legislativa. Fez uma bela votação, mas ainda assim distante do necessário para se eleger. E agora queria ser federal diretaço??
Para meu espanto, na Fenac, em uma época em que ainda eram contados os votos em cédulas de papel, Redecker chegou a mais de 42 mil votos, ficando na primeira suplência. Nesta eleição, deixou para trás nomes consagrados da política, sendo a surpresa do pleito. Com a vitória de Antônio Britto para o governo do Estado, assumiu uma cadeira na Câmara Federal.
Bastaram menos de três anos para ele se consolidar como um parlamentar combativo, autêntico, sagaz, diferenciado e com discurso único. Na eleição seguinte, sua votação superou os 102 mil votos. Iniciei meu trabalho ao lado dele neste pleito, em 1998. À época, eu coordenava a campanha de Gilson Thoen a estadual em Novo Hamburgo e o Júlio me enxergou no meio da multidão.
Na outra eleição, ainda mais consolidado, chegou aos 188 mil votos. Um fenômeno. No outro ano, cansado dos desmandos de Paulo Maluf, deixou o partido que militara por 30 anos e rumou para o PSDB.
José Serra e FHC eram seus mestres, mas Júlio se identifica mesmo era com Serra, a quem considerava o homem mais inteligente com quem já tivera contato.
Na sequencia, assumiu a Comissão do Mercosul no Congresso Nacional. E me levou junto. Com ele tive oportunidades únicas e que não teria, mesmo como jornalista. Pude frequentar embaixadas, conheci presidentes e primeiros-ministros, fui a lugares e jantares reservados do poder, circulando única e exclusivamente por integrar o staff Redecker.
Da minha parte, quero acreditar que fui um assessor leal, estando a seu lado em todos os momentos, fossem eles bons ou maus. Além da parceria, trabalhei incansavelmente para levar seu nome a todos os lugares, extrapolando minhas funções de mero assessor de imprensa.
Aliás, o Júlio inovou até mesmo nisso. Nos anos 90, foi um dos primeiros parlamentares a ter assessoria de comunicação. Como poucos, sabia a importância das palavras e, sobretudo, de divulgá-las corretamente para o eleitor.
Já em 2006, como tucano, Redecker somou 157 mil votos quando muitos faziam apostas de que jamais se reelegeria. O fato é que ele seria eleito até mesmo no PT, tamanha era a força da marca Júlio Redecker.
No ano seguinte, fui morar com ele em Brasília, atuando na Liderança da Minoria. O aprendizado era ainda maior, assim como as responsabilidades. E aí, em março de 2007, Júlio viajou para os Estados Unidos e acertou uma palestra do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, na Câmara Americana.
Me ligou animado e disse:
_ Mariozinho! Tu vai vir comigo. Washigton nesta época é incrível e vai ser muito legal esse contato pra ti aqui nos Estados Unidos.
Eu já havia ido duas vezes aos EUA, em uma delas para participar de um curso de duas semanas na esfera pública. Sim, foi o Júlio que me conseguiu a indicação junto ao Departamento de Estado norte-americano, que levou um grupo de assessores brasileiros para lá.
Mas aí, em virtude de ter um problema antigo no olho (pterígeo), aproveitei o recesso de julho para fazer a cirurgia na vista. Com isso, precisava ficar quase um mês me recuperando e não viajei com Redecker.
Então, no dia 17 de hulho, às 18h30, eu em casa, fui surpreendido junto com o Brasil da tragédia que se abateu sobre a aviação civil nacional. Não foi por acaso, e Redecker, em um discurso histórico e memorável que ajudei a fazer juntamente com o consultor Ijalmar, em Brasília, alertou que outra tragédia poderia ocorrer depois da queda do avião da Gol, tamanha era a bagunça na Agência Nacional de Aviação Civil, a Anac.
Mesmo ainda sem estar recuperado, me ofereci para ir a São Paulo levar os documentos para identificação do corpo. De madrugada, junto com o colega Giovani Luzzato, fui ao escritório da dentista de Redecker buscar radiografias da arcada dentária.
Pela manhã, embarcamos em voo da TAM e, na chegada à capital paulista, um helicóptero da Fiesp nos esperava para nos levar diretamente até a sede da entidade, onde o presidente nos aguardava para nos conduzir até o hotel onde estava a família de Redecker.
Ao chegar no quarto do hotel, um senhor grisalho está sentado no chão, com dois telefones ao mesmo tempo, dando ordens. Era Arlindo Chinaglia. O deputado petista comandava as ações para a rápida identificação e liberação do corpo, ao mesmo tempo em que dava ordens para a assessoria da Presidência da Câmara, em Brasília.
Um dia depois, já com  40 horas sem dormir, retornamos para o Rio Grande do Sul, no avião do governo do Estado de São Paulo, onde Júlio Redecker receberia as últimas homenagens no Palácio Piratini, sede do governo.
           Seu velório foi triste e lindo. Adversários, eleitores, amigos, familiares, todos correram para o Piratini no último adeus ao melhor de todos.
          Em Novo Hamburgo, um corredor humano se formou ao longo da BR-116 e nas principais vias para saudá-lo, parando a cidade que o acolheu no final dos anos 80. De lá pra cá, minha vida tomou muitos rumos, mas não teve um único dia que deixei de lembrar sua memória, pois sempre alguém me pergunta algo sobre ele ou eu mesmo faço a referência devida.
           Neste dia de tantas lembranças, minha homenagem e meu carinho a ti, Júlio César Redecker, o alemão, o filho do seu Fritz e da dona Vera, um taxista e uma cozinheira de restaurante que lhe deram a diretriz para a vida.
            Teu legado e tua história seguem conosco. Hoje e sempre.

sábado, 30 de junho de 2012

Golpe no Paraguai ou Golpe CONTRA o Paraguai??

Lugo deixa a Presidência e monta governo paralelo inócuo

        A esquerda brasileira tenta novamente confundir a opinião pública ao buscar provar e convencer a todos de que houve um golpe político no Paraguai. Mais: alguns pilantras da verdade ainda se esforçam em comparar o impeachment de Fernando Lugo a outros golpes ocorridos em décadas passadas no Continente, como se existisse parâmetro para tamanha tonteria.
        Na verdade, há muito mais em jogo nesta história, a começar pela vingança de Hugo Chavez, o ditador disfarçado de presidente da Venezuela. Chavez nunca engoliu o fato de o Congresso paraguaio ser o único parlamento do Mercosul a não aprovar o ingresso da Venezuela como membro pleno do bloco. Isso porque o Mercosul tem entre suas regras a cláusula democrática. O que significa isso? Significa que, para um país fazer parte desse mercado, as instituições democráticas precisam ser respeitadas, o que não ocorre na Venezuela desde que ele ascendeu ao poder, há 12 anos.
        E aqui no Brasil, por ser amigo de Lula e Dilma, Fernando Lugo, que nem chegou a exibir uma reação e deixou o poder assim que o Congresso o afastou por 39 votos a quatro, encontra eco às bobagens de Chavez e de uma esquerda ultrapassada e carcomida.
        Lugo foi afastado unicamente por incompetência absoluta. Ao longo de seu mandato, o ex-bispo da Igreja Católica precisou reconhecer a existência de três filhos com mulheres diferentes quando ainda era bispo em Assuncion. Na Presidência, fez um governo pífio, depois de vender ilusão durante uma campanha eleitoral em que prometeu o céu ao povo paraguaio.
        E o Brasil, mais uma vez, embarca na canoa furada de Chavez e da Argentina, tentando nos fazer crer que houve golpe parlamentar. Pior: aprova uma resolução suspendendo o Paraguai do Mercosul até que sejam realizadas novas eleições. E pior ainda: na primeira reunião do bloco qual a primeira proposta a ser apresentada?? Ganha um doce quem apostou que seria a inclusão da Venezuela como membro pleno do Mercosul.
        No fim das contas, que é o que conta, Brasil, Argentina e Venezuela se uniram para dar um novo golpe em um país miserável, exatamente como foi feito há mais de um século em uma guerra que dividiu as riquezas paraguaias e aniquilou as chances de futuro de uma nação vizinha.
       Pobre Paraguai. Pobre Mercosul. Pobre Brasil, entregue à própria sorte e sendo comandado por ineptos que seguem com velhas ideias derrubadas há mais de 20 anos e cujo ápice foi o Muro de Berlim.
        Boa semana a todos.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Lula e Maluf...E Erundina pede pra sair...

            Foi demais para Luiza Erundina a união sem o seu conhecimento entre Lula e Paulo Maluf para a  Prefeitura de São Paulo. Ontem, a ex-prefeita anunciou sua saída da chapa com Fernando Haddad, pupilo de Lula e pelo qual o ex-presidente tem feito o inimaginável para tentar emplacar sua candidatura. Posar para fotos e chamar Maluf de companheiro foi parte do roteiro desta tortuosa caminhada. Com o apoio, Haddad ganha um acréscimo de 1 minuto e 35 segundos no tempo de TV. Para Lula, isso é que conta, no fim das contas...
          Primeiro Lula encarou o PT e disse que Marta Suplicy, candidata natural, estava fora do páreo. Em protesto, a senadora sequer foi à convenção realizada no início de junho. Enquanto Lula carregava o poste pela capital paulista (Haddad), foi correr atrás de apoio para enfrentar José Serra. O último foi Maluf, o mesmo que ele outrora chamou de corrupto e outros impropérios mais. Maluf, se alguém lembra, disse que Lula era tão desqualificado para a Presidência que sequer sabia a diferença entre uma fatura e uma duplicata...
         Os anos passaram e os adversários do passado se tornam, em 2012, os aliados de ocasião. Lula, Maluf e muita gente pensa que o eleitor tem memória curta ou que os fins justificam os meios. Parece que ainda há quem discorde. E Luiza Erundina, para espanto geral de muitos, parece ser uma destas pessoas.
          Bom dia a todos.
                  

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Dinheiro e amor, os motivos que levam alguém a matar

                                                       Agência Estado
Advogada chega para prestar depoimento à polícia

      A elucidação de um crime passional sacudiu São Paulo nesta quarta-feira, quando a advogada Elize Araújo Kitano Matsunaga, 38, confessou à polícia ter matado e esquartejado o marido, o empresário Marcos Kitano Matsunaga, 42, diretor da Yoki Alimentos, uma das maiores empresas do setor. O industrial estava desaparecido desde 20 de maio.  
       Jovem, rica, morando em uma cobertura em área nobre da capital paulista, com um filho de apenas dois anos, Elize perdeu a cabeça quando soube que o marido tinha outro relacionamento. O resultado foi um crime hediondo que chocou a opinião pública.
        São apenas dois os motivos que levam alguém a cometer um ato tresloucado como este: amor ou dinheiro. Se formos analisar todas as circunstâncias, independentemente de classe social e em qualquer parte do mundo, nenhum crime ocorre fora deste binômio.
         O ser humano mata porque perdeu um amor ou tem ciúmes ou, ainda, por questão financeira e/ou econômica. Quando alguém resolve delatar outra pessoa, como tantas vezes ocorre na política brasileira, é porque a partilha do butim não foi a combinada. E então, insanamente, a solução que se apresenta quando se está fora do eixo é uma arma. Exatamente como fez Elize, mesmo que seu semblante demonstre agora todo seu arrependimento e nem ela própria se reconheça em si mesmo.
         Bom feriado a todos!

terça-feira, 29 de maio de 2012

Lula se superou. De novo....

Polêmica: quem está mentindo?

          Lula, que disse que não sabia do Mensalão e se sentiu traído quando soube que José Dirceu comprava os votos de parlamentares em troca de apoio para seu governo no Congresso durante seu primeiro mandato na Presidência, se superou ao procurar o ministro do STF, Gilmar Mendes, e seu ex-ministro e ex-presidente do STF, Nelson Jobim, para tratar do maior escândalo da história brasileira.
         De acordo com a denúncia, Lula teria pedido que o caso não fosse a julgamento em 2012. A intenção, segundo Mendes, era para que fosse adiado para o ano que vem, quando serão nomeados mais dois ministros ligados ao PT.
        Diante da reação da opinião pública, Lula e Jobim, claro, negaram peremptoriamente. Mas convenhamos, que tipo de conversa e o que motivaria Lula a solicitar um encontro com um representante da Suprema Corte do País antes de uma decisão tão importante para a sociedade brasileira? Certamente não era para debater amenidades ou para tomar um cafezinho em meio à tarde modorrenta de Brasília...
         Pelo currículo e passado recentes, nada me leva a crer que Gilmar Mendes tenha mentido à Veja ao fazer a denúncia de que o ex-presidente o procurara para tratar do adiamento do julgamento do Mensalão. Já sobre os demais participantes da reunião, não se pode dizer o mesmo tantas foram as vezes que falaram uma coisa e fizeram outra...
         De qualquer forma, a história soa como uma bofetada à opinião pública. E Lula, como se vê, pensa estar acima do bem e do mal. Até mesmo do bom senso e da Justiça. Lamentável. 

sexta-feira, 18 de maio de 2012

CPI ou ação entre amigos??

            

             A CPI do Cachoeira, que já havia nascido com jeito e cheiro de pizza, acabou de ser enterrada nesta quinta-feira (17.05) quando o ex-líder do governo na Câmara, deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP), foi flagrado enviando uma mensagem de texto pelo celular para o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. 
            Vaccarezza tranquiliza Cabral e não deixa dúvidas de que já está tudo certo para que a investigação não avance sobre o governador carioca. Escreveu o petista: "A relação com o PMDB vai azedar na CPI. Mas não se preocupe, você é nosso e nós somos teu".
             Em sua página na internet (www.vacarezza.com.br), o deputado escreveu em 15 de maio um artigo intitulado "O que esperamos da CPMI". No texto, Vacarezza diz: "A CPMI do Cachoeira inova ao envolver personagens centrais da oposição ao governo. Mas nem por isso foge à regra. Carrega ingredientes de desestabilização que precisam ser evitados em defesa da harmonia das instituições e da preservação do próprio papel fiscalizatório e de mediação dos conflitos do Poder Legislativo."
              Muito provavelmente, o parlamentar se referia, ainda que de maneira inconfessável, que o que era preciso evitar era a convocação dos amigos. A ação de Vacarezza apenas corrobora para que a sociedade e a Imprensa olhem com desconfiança a cada vez que o Congresso cria uma comissão parlamentar de inquérito. Antes do relatório final sabe-se com antecedência que o único objetivo é criar palanque eleitoral, buscar os holofotes da mídia e fazer de conta que a investigação avança, quando na verdade, no fim das contas, o que conta é a preservação do status quo. Neste contexto, vale tudo. Inclusive fazer de uma CPI uma ação entre amigos.
             Bom final de semana, pessoal!

quarta-feira, 2 de maio de 2012

O Rio que teima em ser Grande



             Desde pequeno ouço que o Rio Grande do Sul é o melhor lugar para se viver, que aqui tudo é bom, passando por nossos políticos e chegando a nosso Judiciário. Somos os mais éticos, os mais politizados, os mais honestos, enfim, praticamente o centro do universo. A cada 20 de setembro celebramos nossas façanhas e exigimos que elas sirvam de modelo à toda terra. Nos orgulhamos de promover um regionalismo que não nos leva a nada, a não ser ficarmos mais isolados em relação ao restante do País.
             Em meio a esse narcisismo coletivo, não percebemos que a cada gestão o Rio Grande se apequena. Sei que muitos irão discordar, soltarão o verbo contra mim, mas me cansa o fato de vivermos nessa eterna grenalização sem qualquer resultado prático. Aqui não há imparcialidade - "ou tu está comigo ou contra mim". Essa é outra de nossas frases maravilhosas...
             A Copa do Mundo é apenas mais um exemplo de como conseguimos perder o trem da história. Enquanto outras unidades da Federação recebem investimentos em infraestrutura para receber os jogos, no Rio Grande a paralisia é geral. O Aeroporto Salgado Filho sequer tem instrumento para operar em dias de neblina, apesar de ter sido anunciado sua compra em 2009. Nesta quarta-feiras pousos e decolagens foram suspensos por mais de cinco horas em virtude do nevoeiro. Como estamos no outono, podemos prever como será com a chegada do inverno para aqueles que ousarem passear nas férias ou estiverem a trabalho, vindo ou saindo da Capital dos gaúchos...
            Metrô em Porto Alegre, que antes estava anunciado para ser concluído em 2018, está suspenso pois sequer há consenso sobre o projeto. Obras importantes, como o Cais do Porto, dormem em gavetas de repartições, enquanto em outros locais, como em Puerto Madero, em Buenos Aires, o rio é parte da paisagem de uma cidade que compreende sua importância para seu desenvolvimento e para o turismo.
Enfim, tenho certeza de que alguém ganha com tudo isso, enquanto o Rio teima em ser Grande.... Uma pena que não sejam os gaúchos...
            Boa semana a todos.


sexta-feira, 20 de abril de 2012

Até breve, meu pai herói

Sério e simpático: Pedro Pinto Selbach

        Meu pai era o maioral; meu pai era um cara legal. Digo isso não apenas como filho, mas pela história que Pedro Pinto Selbach construiu em 80 anos de vida.
      Chegou ao Vale dos Sinos há 74 anos somente com a roupa do corpo, tentando fugir de uma vida difícil que se desenhava para a família Selbach em Santa Maria. O caçula do seu Arthur e da dona Vitalina tinha a cabeça cheia de sonhos e muitos planos. Como ninguém, sabia que só era possível vencer pelo trabalho. E ele trabalhou como ninguém.
       Aos 12 anos já era funcionário da Aços Plang, uma siderúrgica no Centro de Novo Hamburgo. Morava no Travessão, em Dois  Irmãos, ou seja, distante 10 quilômetros da empresa...
      Fazia o percurso de tamanco, a pé, todos os dias. Para chegar no horário, deixava a casa dos pais às 4h da manhã. O salário era pouco e ele logo percebeu que era preciso melhorar os rendimentos para poder ajudar ainda mais em casa. Arrumou serviço depois da hora: limpar os banheiros da empresa... Fazia isso como se o patrão tivesse lhe dado um bônus, afinal, era uma oportunidade de ganhar mais que estava recebendo...
     Depois de uma rotina de mais de 12 horas de trabalho exaustivo, lá voltava ele para o Travessão, chegando em casa tarde da noite. Com o tempo, percebeu que era preciso pensar no futuro e investir. Comprou um terreno na Vila Dihel. Na minha infância, nunca consegui entender porque nossa casa era enveazada. Anos mais tarde meu pai me explicou: ele havia comprado um barranco... E depois do serviço, retirava a terra em um carrinho de mão para aumentar a área útil no imóvel...
      E assim, à sua maneira e com o apoio de minha mãe e de minha tia Helena, o seu Pedro foi tendo sua família. Criou seis filhos, deu educação e exemplos diários para todos.

- Vocês têm que economizar 30% do salário bruto para poder investir e formar um patrimônio...

- Nunca envergonhem o nome da família....

- Saber não ocupa espaço... Estudem para ter o futuro que eu não pude ter porque tive que trabalhar....

- Ninguém vai construir estabilidade gastando mais do que arracada, seja o governo ou a família de vocês....

        Na hora da dificuldade, dizia sempre:

- Força e coragem....O resto é bobagem....

        Na carona, em um cruzamento como caroneiro, avisava:

- Pare, olhe, escute...recordando-se certamente de seu período em Santa Maria, onde os trens fizeram parte de sua infância...

      Quando chegávamos em sua casa, mesmo com a doença comprometendo sua saúde, repetia para todos:

- O velho caminhando, tá tudo bem. Eu sou um sujeito feliz. Tenho a família ao meu lado. E isso não é pouca coisa....

       Ao meio-dia, gritava para a mãe:
- Adir, trás a panca...

       E lá ia a Adir levar o almoço. Primeiro o feijão, que era cuidadosamente amassado. Depois, devolvia o prato para ser completado com arroz, batata, carne, salada.... Se alguém deixasse no prato, dizia:

- Deixa que o velho arremata. Comida a gente não põe fora...

       Na hora do banho, outra ordem:
- Adir, a toalha...Minha roupa.....

       E lá ia a Adir cumprir as determinações...

     À noite, escovava os dentes caminhando pela casa e falando com todos.... Esse hábito foi compartilhado pelos filhos, e muitos o repetem até hoje, inclusive netos... E assim os anos foram se passando. Colocou um pequeno armazém na Vila Dihel em uma época em que mini-mercado era coisa de cidade grande. Com sua simpatia e humildade, conquistou o bairro inteiro e prosperou. Trabalhava de domingo a domingo, das 6h da manhã até o último cliente aparecer, o que podia se estender além das 22h.
       Nos anos 70, um dos poucos prazeres que admitia para si mesmo era ir a Porto Alegre em dias de jogos importantes de seu Internacional. O Colorado era uma das paixões do Foguinho... E nestes dias especiais, saía cedo de casa em direção ao Beira-Rio. Voltava tarde, cheio de histórias para nos contar.

- Nenê, Alemão, dizia para mim e meu irmão Artur, o Figueiroa fez um golaço hj. Que zagueiro....O Valdomiro cruzou da direita e ele subiu lá em cima, deu um testaço pra baixo...sem chances para o goleiro do Cruzeiro.... Ele subiu mais de um metro de altura, é incrível a impulsão dele...e o Manga, então.... Que goleiro...Que goleiro....Fez cada defesa...Segurou um chute do Nelinho com quatro dedos quebrados....
      As histórias eram repetidas e, não raro, pedíamos para ele contar de novo como o Figueiroa subia, como o Manga defendia e como o Falcão jogava de cabeça erguida, a bola colada ao pé...uma elegância só....
       Sua simpatia fazia com que, em dias de Gre-nal, as pessoas deixassem suas casas para irem ouvir o jogo no rádio em seu armazém. A venda do Pedrinho ficava lotada e ele vendia muita cerveja.
     Meu pai era um grande motorista também. Certa vez ele e seu inseparável amigo Elemar Eltz ficaram sem freios na descida da Pedreira, em um caminhão lotado de pedras. Ele veio costeando o veículo contra o barranco, fazendo com que a velocidade diminuísse, ao mesmo tempo em que ia usando o freio do motor, até o carro parar. E assim os dois se salvaram sem que outros se ferissem.
        Incrivelmente, ele acreditava que eu era um grande motorista. O que ele não sabia era que desde pequeno eu procurava imitar seus movimentos. Íamos de Rural para a praia e ficava concentrado, observando os movimentos dos pés, o jeito que ele segurava a direção e fazia o difícil parecer tão fácil...
        Com os anos e a chegada dos netos ele foi se tornando mais doce, mais tolerante e ainda mais querido com todos. Os filhos, os netos, a família como um todo, eram sua preocupação. Queria a união de todos e trabalhou incansavelmente para isso durante toda sua vida.
        Também nunca consegui entender como ele nunca teve uma conta em banco ou cartão de crédito...
- Isso é só pra gente se endividar, Mário....
       Igualmente, nunca consegui entender como sempre tinha dinheiro em casa ou nos próprios bolsos. Em dificuldade, sabíamos que na mala preta do velho sempre haveria, pelo menos, R$ 500,00...
       Me recordo de outra frase clássica que repetia para todos os seus amigos no balcão do armazém:

- Vocês vão morrer, eu vou viver pra sempre...
       Da maneira dele, fazendo pilhéria de uma situação tão embaraçosa, estava certo: a morte é apenas uma passagem e ele seguirá vivendo para sempre em cada um que teve contato com ele, em especial nos amigos e familiares que o amavam incondicionalmente.

         Tenho certeza de que se pudesse dizer algo neste momento diria:
- Helena, minha parceira, irmã amada: obrigado por tudo, pela dedicação, companheirismo e amizade. 

- Adir, obrigado pela panca, pelos nossos filhos e pelo amor ao longo de 53 anos de casados. A morte não nos separou, até breve.

- Meus filhos amados: Artur, meu baita macho, Chico, meu mais velho, Mário, meu jornalista, Nena, minha filha querida, Ana, minha médica e filha amada, Fofa, minha caçula abençoada, meus netos queridos – Cássio, minha cópia, Rafa, meu preto, Fran, minha primeira neta e nossa preta amada, Carol, minha lindinha, Marina, minha princesinha, Mona, meu anjinho, o velho está bem. Quero que vocês também estejam bem. Cuidem-se e amem-se uns aos outros. Minha jornada chegou ao fim, mas este não é o fim. É um recomeço, uma nova fase, uma passagem até que todos nos reencontremos novamente.
      Vai em paz meu pai, vai em paz meu ídolo. Teus ensinamentos continuarão conosco, tua vida seguirá em nossas vidas. Tu construiu tudo isso, és o grande arquiteto e artífice dessa família, a luz que seguirá iluminando nossos passos.

          Com amor, família Selbach.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Dilma abre o cofre para evitar o pior

Presidente tenta fazer com que a economia não pare

          A presidente Dilma anunciou ontem uma série de medidas para beneficiar o setor produtivo. No pacote, R$ 60 bilhões para atender 15 setores na tentativa de garantir maior competitividade às empresas brasileiras. Tudo para evitar que o País pare e os reflexos da crise na Europa e Estados Unidos sejam ainda piores para o Brasil.
         Depois do PIB de 2,75% de 2011, quando a economia literalmente subiu no telhado, acendeu a luz amarela no governo. Antes, a presidente já havia reduzido o IPI de móveis e outros produtos, além de ter estendido a redução do imposto para a linha branca até a metade do ano. O remédio de Dilma, no entanto, pode não ter os resultados esperados, já que o espaço para endividamento das famílias brasileiras é reduzido neste momento.
         O crédito farto do governo Lula e as condições favoráveis para compra causaram profundo impacto na vida do brasileiro. As pessoas se deslumbraram e carros foram vendidos em até 96 meses. A construção civil também explodiu, com novos financiamentos variando entre 25 e 30 anos. Resultado: as famílias não estão comprando porque não querem, mas porque simplesmente não têm mais capacidade de pagamento a médio e curto prazo. 
         Dia desses, em conversa com um grande empresário que atua na área de transportes, ele me disse que desde setembro do ano passado houve drástica redução nos pedidos de novos caminhões junto às montadoras. Segundo ele, este é o primeiro sinal de que a economia está parando, pois os transportadores não estão renovando a frota ou adquirindo novos veículos em virtude de a demanda ter diminuído substancialmente.
          E Dilma, mais do que ninguém, sabe que enquanto a roda da economia estiver girando, a sensação de bem estar social permanece. Afinal, "é a economia estúpido", como diria Bill Clinton, que manda na política. Aqui e em qualquer parte do mundo.
Boa Páscoa a todos!

quinta-feira, 29 de março de 2012

Sobre ligações perigosas e morte em vida de um senador

Nas cordas: parlamentar tenta explicar o inexplicável

         Um dos maiores expoentes da Oposição, o senador Demóstenes Torres caiu em desgraça depois que foram reveladas suas ligações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. O parlamentar admite que recebeu do amigo um telefone especial para conversar com ele. São essas conversas que a investigação policial gravou cerca de 300 vezes nos últimos oito meses. Muitas delas comprometedoras e que revelam uma amizade próxima demais com um contraventor.
        Para completar, o senador tamém ganhou de Cachoeira um fogão e uma geladeira. Os mimos foram oferecidos pelo bicheiro no casamento de Demóstenes, no ano passado. Ontem, no Senado, Torres admitiu a pessoas próximas que "está morto" politicamente, mas que não vai renunciar nem se licenciar do cargo, como revela a Folha de S. Paulo desta quinta-feira.
         Combativo ao PT durante nove anos, o senador colecionou inimigos ao longo deste período ao denunciar os descalabros do governo. Agora, aqueles que antes Demóstenes acusava apontam-no o dedo, pedem novas diligências, prometem levá-lo ao Conselho de Ética e buscam fustigá-lo ainda mais.
        Apesar de ter iniciado um novo mandato há pouco mais de um ano, Demóstenes está acabado e, a partir de agora, passa a ser mais um zumbi em Brasília. Ninguém mais quererá saber de seus projetos. Quando a imprensa se aproximar será apenas para perguntar de Carlinhos Cachoeira ou se irá renunciar. E, se o temporal passar, sempre haverá alguém para recorda a história na mídia, muitas vezes dentro de seu próprio partido.
       É a política reafirmando a velha máxima bíblica: diga-me com quem andas que te direi quem és. Ao associar seu nome a alguém cuja conduta não seja a mais recomendável é preciso levar em conta que, mais dia menos dia, esse amigo trará problemas. É questão de tempo para explicar o inexplicável... Seja para a família e amigos, seja para os eleitores ou a opinião pública.
       Bom final de semana a todos!

quinta-feira, 22 de março de 2012

Uma cartilha para a Geração Z


           O Colégio Farroupilha, de Porto Alegre, comemorou esta semana 126 anos. Para marcar a data, apresentou uma série de mudanças em seu site e publicou uma cartilha para seus alunos voltada às redes sociais. 
           A iniciativa é louvável sob todos os aspectos, mas fundamentalmente, porque alerta para os perigos implícitos na internet e, de modo especial, nas redes sociais. Além disso, dá dicas para a gurizada, a chamada Geração Z, essa turma que nasceu nos anos 2000 e sabe tudo de computadores, games e novidades da tecnologia, mas conhece muito pouco sobre como se portar na rede mundial.
          É a escola contribuindo com os pais (ah, os pais! Sempre correndo e sem tempo para ver o que seus pupilos acessam, compartilham ou fazem...), mais uma vez. Há muito tempo que alerto, seja em palestras ou em contato com as pessoas, dos perigos que chegam diariamente pelo computador.
          Fico apavorado em ver pessoas publicando fotos de seus carros, casas, interiores de suas residências e locais frequentados. Ao fazerem isso, ignoram que estão passando informações valiosas a bandidos - sim, eles também monitoram as redes sociais... -, além de se exporem para pessoas que não merecem fazer parte de suas vidas.
          Ah! Em tempo: a cartilha também dá dicas para a galera de como se portar na rede e como cuidar de sua imagem virtual. E, como se sabe, imagem é tudo nos dias de hoje.
          Bom resto de semana a todos.


quinta-feira, 15 de março de 2012

Estilo Dilma rejeita partidos e políticos

Opostos: Dilma não gosta de
 negociar, ao contrário de Lula
      

           Dilma Roussef chegou à Presidência da República sem ter disputado qualquer cargo político anteriormente. Para muitas pessoas, isso não tem qualquer relevância mas, nas relações com o Congresso, esta carência se revela em sua plenitude.
           Não é segredo para ninguém que a presidente nunca teve como objetivo concorrer, mas sim, apenas trabalhar nos bastidores. Técnica, demonstra no exercício da Presidência pouca paciência para receber partidos e políticos que, no final das contas, querem sempre tratar dos mesmos assuntos: mais cargos e liberação de emendas. Traduzindo para o bom português e indo direto ao assunto - o que eles querem mesmo é indicar seus apaniguados e colocar a mão na grana, pois não é segredo para ninguém - muito menos para Dilma -, que muitos parlamentares vendem emendas para suas bases.
          O resultado dessa equação é que volta e meia há crise nas relações com os partidos. Esta semana Dilma trocou as lideranças do governo na Câmara Federal e no Senado para tentar melhorar sua articulação com a "base aninhada", digo, a base aliada. Não deu certo. O PR, de tantas e surradas maracutaias no Ministério dos Transportes, se rebelou porque não ganhou a direção do DNIT, o poderoso órgão que trata de construções de estradas e cujo orçamento é de cerca de R$ 20 bilhões/ano. Como não ganhou o que queria, anunciou que sua bancada de sete senadores estava indo para a oposição. O número de parlamentares pode parecer pouco, mas em votações decisivas torna-se o fiel da balança no Senado.
          As queixas ainda seguem no PMDB e no próprio PT, descontentes com o tratamento recebido. A turma anda mal acostumada com o velho balcão de negócios de Brasília e que, durante os oito anos de governo Lula, funcionou nas 24h do dia, sem fechar em feriados ou finais de semana. Lula logo entendeu que era preciso entregar parte do governo aos picaretas e fechar os olhos para poder governar. Refém dos grandes partidos no escândalo do Mensalão, entregou os aneis na certeza de que havia espaço para todas as matizes e cores políticas em seu ministério.
         Dilma, ao contrário de seu padrinho, demonstra total desapego à presença das lideranças políticas e de partidos à sua volta. Ter que recebê-los em audiência é um sacrifício, pois a cantilhena política cansa seus ouvidos. Ao mesmo tempo em que procura demonstrar luz própria e imprimir seu estilo de governar, a presidente tenta se libertar das velhas amarras construídas por Lula. A tarefa não é fácil, pois a classe política costuma olhar mais para seu umbigo em detrimento aos interesses do País.
Bom final de semana a todos!

segunda-feira, 12 de março de 2012

Cai Ricardo Teixeira....e a CBF muda não mudando....

                                                                                                Foto Reuters
Marin: o homem gosta de medalhas

            Ricardo Teixeira não é mais o todo-poderoso na Confederação Brasileira de Futebol. Pelo menos legalmente... O ex-presidente renunciou nesta segunda-feira ao cargo depois de 23 anos de reinado absoluto, indicado pelo sogro, João Havelange.
            Abatido pelas inúmeras denúncias de enriquecimento ilícito, favorecimento, corrupção e toda ordem de ilegalidades, Teixeira deixa em seu lugar seu preposto e vice-presidente, José Maria Marin. Com isso a CBF muda não mudando, pois nos bastidores Teixeira seguirá dando as cartas.
            O novo presidente da entidade ficou famoso nacionalmente na final da Copa São Paulo de Futebol Júnior deste ano durante a cerimônia de entrega das premiações. Marin embolsou uma das medalhas sem o menor constrangimento, apesar da presença da Imprensa no local e de ter sido filmado pilhando a honraria destinada aos campeões.
            Se um cidadão faz isso com uma simples medalha, podemos esperar pouco de sua administração até 2015 - período em que encerra o mandato da atual gestão. Para completar, José Maria Marin assume por tabela a Presidência do Comitê Organizador Local da Copa 2014. Ou seja, será nosso representante junto à Fifa. Tradução: podemos aguardar novos embaraços para o Brasil até lá, pois José Marin reconduziu todos os vice-presidentes aos seus cargos, mantendo assim a mesma estrutura viciada de Teixeira.
           A propósito: faz tempo que o futebol brasileiro está precisando de uma faxina. Desde que o esporte passou a mexer com cifras bilionárias há pouca transparência e muita maracutaia em todos os níveis - começando pela Fifa e chegando até a maioria dos clubes. Só não ver quem não quer...
Boa semana a todos!