quinta-feira, 30 de junho de 2011

Vestiário de quem perde não é o mesmo de quem ganha...

Renato: saída antes de situação se deteriorar ainda mais

             Cuca é o novo técnico do Grêmio, em substituição a Renato Portaluppi, que pediu para sair na madrugada de ontem, depois do empate em dois gols com o Avaí, em casa.
             A saída de Renato era esperada. Ninguém, nem mesmo o maior ídolo do clube em 102 anos, resiste à falta de vitórias. Resultados - bons resultados -, diga-se, são o que mantém técnicos e qualquer profissional em seus cargos. O ex-atacante tricolor preferiu a saída pela porta da frente, optando por demitir-se a esperar o bilhete azul da diretoria.
             O vestiário, ambiente que Renato dominava como ninguém há poucos meses, mudando jogos e a equipe nos intervalos dos jogos, já não lhe era amistoso. Seu comando passava por questionamentos, assim como era possível ouvir queixas de jogadores e dirigentes com determinadas atitudes do técnico.
             No futebol, costuma-se dizer que "vestiário de quem perde não é o mesmo de quem ganha". A frase redundante revela mais do que as palavras dizem ao expor de maneira simples o que todos sabem: tudo vai bem quando se está bem. Do contrário, é pressão.
              Até a próxima semana.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Obras da Copa do Mundo: governo recua, vitória da sociedade



           A pressão da sociedade, que na última semana se mobilizou e reagiu à verdadeira roubalheira institucionalizada pela Medida Provisória do Sigilo para Obras da Copa do Mundo e Olimpíadas, surtiu efeito ontem, quando a Câmara dos Deputados alterou o texto aprovado anteriormente.
           O texto aprovado ontem determinou a obrigatoriedade de acesso permanente dos orçamentos aos órgãos de controle. Também tornou compulsório que o orçamento prévio seja divulgado após o final da licitação, e não fornecido, sem dizer a quem, como previa a proposta do governo originalmente. Outra mudança determinou que a divulgação do vencedor da licitação deve acontecer apenas e imediatamente depois da conclusão do processo. Anteriormente, não havia previsão de quando o público conheceria os orçamentos.
           Resumo da ópera: o governo colocou o "bode na sala" na primeira versão para ver como seria a reação da sociedade brasileira. Diante da chiadeira, aceitou as mudanças que já estavam previstas por ele próprio. Contudo, sem a pressão da Imprensa e do público, o "bode" teria sido aprovado com novos e mais prejuízos ao bolso do contribuinte.
           Boa quarta-feira a todos.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Grito, o argumento de quem não tem argumento


             Muitas vezes, em momentos de tensão, é comum perdermos a calma e gritarmos uns com os outros. Em campanha eleitoral, especialmente quando a evolução das pesquisas não acompanha o ritmo desejado, essa é cena corriqueira.
            Quem grita, sabe-se lá porque motivo, acredita que precise falar mais alto para ser escutado ou entendido pela outra pessoa. Certa vez ouvi que "o grito é o argumento de quem não tem argumento". Se você parar para pensar, verá que a frase faz sentido. Afinal, por quê alguém gritaria se tem razão ou elementos para debater?
           O pior nesta história toda é o cacuete que vai se formando - as pessoas vão se acostumando a gritar umas com as outras. No fim de tudo, estão tão distantes que é difícil o reencontro e a reconcliliação. As sequelas da discussão sempre se mostram presentes, mais cedo ou mais tarde. E, em algum momento, vão voltar ao centro dos debates, seja na empresa, no gabinete ou na vida familiar.
           Abaixo, um pensamento de Mahatma Gandhi sobre o tema. Bom dia a todos.

"Quando vocês discutirem, não deixem que seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta".

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Educação, a ferramenta que liberta o Homem e faz um país se desenvolver


          

         Sou de uma família de professores. Apesar de meus pais não terem tido a oportunidade de estudar, fizeram da Educação o pilar de nossas vidas. Todos os filhos concluíram a faculdade e a maioria tem uma pós-graduação. Meu pai chegou a entregar jornais durante todo o período em que uma de minhas irmãs estudava Medicina na Federal de Pelotas. Já aposentado, enviava mensalmente o salário desse emprego para ela pagar a alimentação, comprar livros e despesas pessoais.
          O que meus pais descobriram muito cedo é que a Educação liberta o Homem. "Seu" Pedro Selbach repetia como um mantra a frase "Saber não ocupa espaço". A mesma lição que a Família Selbach aprendeu é tema de casa para todos os países que se desenvolveram. Exemplos não faltam e, mais recentemente, China e Coreia do Sul comprovaram que investimentos em Educação são o passaporte para o futuro para qualquer povo.
          Infelizmente, o tema ainda não é tratado com a seriedade merecida no Brasil. O próprio governo se encarrega de promover o desmonte da Educação ao distribuir livros com erros de grafia e matemática, sem falar nos absurdos em erros de provas do Enem, como ocorreu recentemente. Lula gabava-se de não saber falar inglês, quando deveria incentivar e louvar os esforços daqueles que buscam falar uma segunda língua.
           Mais do que colocar todas as crianças em sala de aula, temos que fazer com que a escola seja um ambiente agradável e ensine a partir das novas técnicas, usando especialmente a internet como instrumento para esse novo mundo de oportunidades. Do contrário, continuaremos fingindo que ensinamos nossas crianças e fazendo de conta que pagamos nossos professores, enquanto o País avança a ritmo muito inferior às demais nações que fazem da Educação o foco de sua ação rumo ao desenvolvimento.
Boa semana a todos.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Leões não comem alface: leões gostam de carne...

A política é felina: cargos e carnes para os leões

               A briga em plena convenção do PTB, envolvendo os deputados Sérgio Moraes e Ronaldo Santini, em cujo seio da disputa está a luta fratricida por cargos, ainda é motivo de surpresa para muitas pessoas. No entanto, quem acompanha um pouco a política sabe que o tema é caro demais para todas as siglas e os ânimos só se acirram quando alguém não ganha o que lhe foi prometido ou deixa de participar da partilha.
              Sentindo-se alijado do processo, Moraes partiu para as vias de fato, para espanto até mesmo dos convencionais. Na esteira das denúncias, a revelação de que cada deputado tem direito a indicar cargos que somam R$ 80 mil junto ao governo do Estado. O tema ainda vai dar muita dor de cabeça a todos, pois denota o fisiologismo instalado não apenas no Rio Grande do Sul, mas em todos os níveis de governo.
             Usando uma figura de linguagem, Sérgio Moraes estava recebendo alface, mesmo que seu filho e deputado estadual Marcelo Moraes estivesse sendo contemplado com cargos no Estado. E quem vive e respira a política sabe: leões (políticos) gostam de carne (cargos) e não de leguminoses (tapinha nas costas e deixar de receber seu quinhão).
             Bom dia a todos e até semana que vem. Bom feriadão a todos.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Problema no Trensurb, caos na Região Metropolitana

Foto: Pedro Revillion (Correio do Povo) - Estação Anchieta às 8h

              O caos se instalou hoje pela manhã na Região Metropolitana com o rompimento de um cabo de energia do Trensurb, que interrompeu o serviço nos terminais Mercado, Rodoviária, São Pedro, Farrapos e Aeroporto, em Porto Alegre. Com isso, quem vinha de São Leopoldo para a Capital precisava descer na Estação Anchieta e fazer baldeação em um ônibus até o centro de Porto Alegre. Filas de mais de 2 km se formaram no terminal de desembarque nas primeiras horas da manhã. Os trens já saiam lotados de São Leopoldo e até mesmo fechar as portas foi um problema para os operadores. No interior dos vagões, só com uma dose extra de boa vontade e muita paciência.
             A BR-116, claro, não suportou o volume maior de carros e ônibus e deu um nó, literalmente. A rodovia que já sofre normalmente com o grande fluxo de veículos paralisou completamente e muita gente chegou atrasada. O tempo médio de deslocamento foi de três horas, do Vale dos Sinos a POA. Números da direção do Trensurb apontam que cerca de 40 mil pessoas foram afetadas. A previsão é que o serviço seja totalmente normalizado até o final da manhã.
             Contudo, o fato apenas denota a falta de planejamento que se vive no serviço público. Estamos às vésperas de uma Copa do Mundo - faltam três anos e não há um plano B para casos como o constatado nesta terça-feira. Imagine uma paralisação parcial ou total do metrô em um dia de jogo, durante o maior evento esportivo do planeta? As seleções que estiverem em cidades vizinhas ou na Serra, nos centros de treinamento, não chegarão a tempo de se prepararem para as partidas. O componente trânsito vai ter que ser levado em conta no momento de definir o local das concentrações. E o público? E os milhares de turistas que para cá virão? Ficarão à mercê de um transporte público sucateado e que pode ser interrompido a qualquer momento? Os governos municipal, estadual e federal precisam buscar alternativas para que não tenhamos um verdadeiro fiasco no lugar de jogos. Bom dia.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Como vamos te esquecer se você não vai embora??

Lula no figurino que mais lhe agrada: presidente

             Sábado, durante encontro do PT em São Paulo, Lula deu uma bronca na bancada federal do partido ao cobrar mais apoio e defesa de Dilma no Congresso. O fato causou contrariedade entre os parlamentares, que consideraram as queixas excessivas e também cobraram maior participação e interlocução com o governo.
            Não é a primeira vez que o ex-presidente chama para si a responsabilidade em momentos de dificuldade para a sigla ou o governo. Anteriormente, durante a crise que envolveu o ex-ministro Antônio Palocci, Lula voou para Brasília para acalmar a base aliada e fazer a articulação política junto aos partidos, o que foi considerado uma interferência direta nos assuntos da adminsitração Dilma.
            Na verdade, Lula não consegue deixar os holofotes, mesmo tendo deixado a Presidência da República há seis meses. Nos Estados Unidos, diante da dificuldade de Bill Clinton em deixar a cena política, um apresentador de TV criou a célebre frase, ainda nos anos 90: "Como vamos te esquecer se você não vai embora?". Enfim, ex-presidentes querem ser deixados em paz e curtir o ostracismo após deixarem o poder, mas relutam em se afastar da vida pública. Passar o bastão é um gesto de humildade, acima de tudo. Entender esse fato da vida é uma arte nem sempre compreendida por boa parte dos políticos.
              Boa semana a todos.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

MP do Sigilo para obras da Copa: o governo se superou...


Mineirão: superfaturamento e falta de fiscalização

O governo Dilma e a base aliada produziram mais um monstrengo ontem, em Brasília, ao aprovar na Câmara dos Deputados a Media Provisória que prevê a manutenção em segredo de orçamentos feitos por órgãos federais estaduais e municipais para obras da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016. Enfim, empreiteiros e lobistas conseguiram o que queriam – fazer tudo a toque de caixa com dispensa de licitação. Pior: agora, pra completar, o custo será revelado somente quando o projeto estiver concluído. Além disso, uma única empresa poderá fazer a obra sozinha, um verdadeiro absurdo, um escárnio com o dinheiro público.
Lula tinha razão, de novo: nunca antes na história desse País se aprovou a roubalheira institucionalizada. Confiar que os órgãos de controle fiscalizem, que não têm pessoal ou disposição para acompanhar o dia a dia da administração pública, quiçá as obras da Copa, é acreditar no coelho da Páscoa.
A Copa do Mundo no Brasil já é, de longe, a copa mais cara da história da FIFA.  O Mineirão é apenas um dos casos (veja link do Terra
Na África do Sul, o custo ficou em US$ 10 bilhões. Aqui, fácil, passará dos US$ 30 bi. E ainda temos pela frente as Olimpíadas, que será outro ralo para o dinheiro público. A Grécia, que enfrenta terríveis desafios econômicos neste momento e ameaça desencadear uma nova crise mundial, desandou com os Jogos Olímpicos de 2000. O Brasil está no mesmo caminho, especialmente porque sua classe dirigente governa de costas para o povo, olhando apenas para seus interesses, que se resumem a cargos, poder e mais dinheiro, claro.
Bom final de semana a todos.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Novos ministros, velhas práticas: Brasília continua a mesma

Dilma: presidente muda sem mudanças

          A presidente Dilma empossou novos ministros na última semana na Casa Civil, Pesca e Relações Institucionais. O que era para dar uma oxigenada no governo, na verdade, revela-se mais do mesmo. Explico: as grandes tarefas que aguardam Ideli Salvatti nas Relações Institucionais são a liberação de emendas trancadas e a redistribuição de cargos entre a base aliada, que bem poderia se chamar "base aninhada".
          Mas, enfim, é a velha prática do toma-lá-dá-cá de Brasília - o surrado e bom balcão de negócios da Disneylândia tupiniquim. A própria Dilma, que havia iniciado o governo com um perfil mais técnico e despachando menos com a classe política, se rendeu e anunciou que a partir de agora "é com ela".
          Bastou a primeira crise (Antônio Palocci) para a presidente reconhecer que sem o Congresso - e sem dar o que os leões querem (músculo, sangue, no caso dos deputados e senadores, cargos e verbas), não há como governar. É a lei da selva, digo, de Brasília. Dilma aprende rápido. Lula tinha razão.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Pecado mortal na política: a inconfidência do assessor

Ideli Salvatti, em foto da Agência Brasil

        A nova ministra da Articulação Política tomou posse ontem e já deu a primeira escorregada com  Dilma. Sem o aval da presidente, Ideli Salvatti disse que o governo deve manter o texto original do projeto sobre documentos públicos, que prevê sigilo eterno para determinados assuntos do passado. A mesma ideia é defendida pelos ex-presidentes José Sarney e Fernando Collor.
        O fato é que Ideli se adiantou à presidente e no linguajar político "derrubou Dilma" ao se antecipar a posição que será defendida pelo governo, que inclusive irá pedir a retirada da urgência do projeto no Senado. Com isso, Ideli cometeu um pecado mortal na política: a inconfidência do assessor. No fim das contas, todos trabalham para o chefe, e a chefe, neste caso, foi pega de surpresa pela declaração da nova ministra.
        Esse é um equívoco comum em muitos gabinetes e na administração pública em geral. Políticos costumam ter egos maiores que o estômago. Sendo assim, quem trabalha na área precisa entender e saber que seu papel é levantar a bola para o chefe cortar ou, como se diz no futebolês, deixar "na marca do pênalti". Do contrário, se isso ocorre com frequencia, quem vai para a marca da cal é o assessor. E não importa que seja ministro ou secretário.
        Bom dia a todos.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

PSDB busca rumo para fazer oposição



         Fora do poder há oito anos e pelo menos pelos próximos três anos, a Executiva Nacional do PSDB encomendou estudo para reestruturar a estratégia de marketing do partido. A preocupação é com a imagem da legenda junto a seus líderes e, sobretudo, com a população.
         Já comentei em posts anteriores a respeito da importância da pesquisa qualitativa para os partidos e a esfera pública. Não há como pensar diferente nos dias de hoje, pois a política se profissionalizou e exige respostas para que os partidos não fiquem falando para si mesmos e descubram a agenda do eleitor.
          Mais do que se reposicionar, o PSDB precisa encontrar seu rumo para fazer política na oposição. O maior erro da sigla foi não ter assumido a bandeira das privatizações já em 2006, quando foi pauta na campanha de Geraldo Alckmin contra Lula. O eleitor precisa identificar o político e partidos com suas bandeiras, mas por vergonha, o PSDB caiu no discurso fácil do PT e não defendeu que as reformas na telefonia, portos e no sistema bancário, por exemplo, foram decisivas para melhorar a infraestrutura do País.
           Democracia alguma pode abdicar de uma oposição atuante e propositiva. No Brasil dos dias atuais, somente a Imprensa tem feito esse papel, o que é muito pouco, convenhamos.
           Boa semana a todos.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

A relação com a imprensa: como se preparar para uma entrevista

         Dica: entregue dados ao jornalista

             Seguidamente me perguntam sobre como deve ser o tratamento com a Imprensa, especialmente em uma entrevista. Sendo assim, publico hoje texto da professora Maria Helena Weber, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com acréscimos da Assessoria de Comunicação Social do Ministério da Justiça, sobre o tema.

Boa leitura, e boa entrevista.

PREPARE-SE bem, antes de qualquer contato com a imprensa. Tenha sempre em mãos, e em detalhes todas as informações relativas ao tema da entrevista: dados numéricos, investimentos, número de pessoas envolvidas, referências geográficas resultados anteriores, exemplos concretos, possíveis problemas e suas soluções.

DISCUTA COM a Assessoria de Imprensa as mensagens-chave relativas ai assunto em pauta. É preciso, sempre, reforçar a ideia central do tema em questão e valorizar tais informações ao longo de toda a entrevista. Isso facilita a memorização pelo jornalista e a comunicação do que é mais importante.

UM CONVITE para almoço ou cafezinho com um jornalista deve ser considerado como entrevista. Todas as informações filtradas em uma conversa informal têm potencial para compor matérias.

CONSIDERE que nem todo repórter tem conhecimento prévio do assunto que está cobrindo. Não é raro as redações destacarem, até por deficiência de estrutura, profissionais não especializados para coberturas que exigem certo grau de conhecimento. Portanto, seja paciente e não se surpreenda com perguntas mal formuladas ou que pareçam demasiado óbvias.

EVITE usar termos técnicos em demasia. Quando necessário usá-los, sirva-se de exemplos para explicar seu significado. Evite também o uso excessivo de siglas.

AO INICIAR a entrevista, faça um resumo sobre o assunto e o que pretende esclarecer ou informar. Ressalte os pontos favoráveis, o que é novidade, mostre o que é importante. É uma maneira de ajudar o repórter não-especialista a organizar seu raciocínio e seu trabalho de apuração.

EVITE informações desnecessárias ou divagações. Seja simples, direto e objetivo na explanação dos fatos.

RESPONDA naturalmente às perguntas, para evitar entendimentos equivocados e prejuízos à comunicação. Dê exemplos, faça comparações. Não crie falsas expectativas ou seja evasivo. Se não souber, diga. Se tiver dúvidas, admita. Quando isso acontecer, ofereça ao repórter encaminhar posteriormente as informações solicitadas.

OFEREÇA material de apoio ao jornalista (relise, gráficos, fotos, etc).

É DESACONSELHÁVEL o recurso do off (do inglês off the record ou “fora de registro”), mesmo ao tratar com jornalistas mais conhecidos ou setoristas. Fale somente o que pode ser divulgado com citação de fonte.

NUNCA PEÇA para ler o texto a ser publicado. Isso denota falta de confiança. Após a entrevista, coloque-se sempre à disposição para esclarecer eventuais dúvidas.

FACILITE o trabalho dos repórteres fotográficos e cinematográficos. Esteja à vontade, porte-se com naturalidade enquanto esses profissionais realizam seu trabalho. Olhe para a câmera somente quando solicitado.

QUANDO se tratar de entrevista exclusiva a um veículo, informe-se antecipadamente sobre o tipo de público e o perfil do veículo. Considere inadequada a solicitação de entrevista sem a presença de um assessor.

CONSIDERE o jornalista não como um adversário, mas como um profissional que está cumprindo uma pauta originada nos escalões superiores do veículo. Mesmo os jornalistas mais autônomos, que trabalham suas próprias pautas, é preciso tratá-los profissionalmente: não demonstre inquietação, impaciência e animosidade.

NÃO DEIXE os jornalistas esperando em entrevista com horário marcado. Além do aspecto de cortesia e boa educação, existe a já mencionada precariedade de algumas relações. Haverá sempre várias pautas a cumprir num mesmo dia e se torna importante a colaboração do entrevistado para agilizar o trabalho do repórter. No caso do atraso ser do jornalista, tenha paciência e mostre compreensão com a rotina pesada da cobertura jornalística.


Juro alto, dólar baixo: receita para quebrar exportadores

Exportar fica cada dia mais difícil

              O Comitê de Política Monetária (Copom) seguiu a velha cartilha na reunião de ontem, em Brasília, para tentar domar a inflação: aumento da taxa básica de juro (Selic) em 0,25 ponto percentual, elevando-a para 12,25% ao ano. Se por um lado essa decisão esfria o consumo, por outro produz uma combinação explosiva para os exportadores - juro alto e dólar baixo.
              As empresas que lutaram para conquistar mercados ao longo das últimas décadas estão ameaçadas pelo atual quadro. O setor produtivo vê a cada dia encolher sua participação no comércio internacional em virtude dessa situação que se arrasta há pelo menos 10 anos. O Rio Grande do Sul, de modo muito particular, é o Estado mais afetado, já que tem vocação exportadora e setores sensíveis às variações cambiais e à alta de juros.
             Calçados, móveis, máquinas e implementos agrícolas, motores das exportações gaúchas, lutam para sobreviver nesse tiroteio. Enfim, o governo sabe dessa realidade, mas não tem apresentado alternativas, preferindo confiar no mercado como regulador das relações econômicas.
            Seria o caso de se levar mais a sério a proposta que o ex-deputado Júlio Redecker apresentou em 2007 - o dólar referência. Com isso, teríamos uma cotação para quem exporta e outra para as demais relações comerciais. A diferença entre o dólar comercial e o de referência seria financiada pelo governo Federal, com juro baixo baixo e carência de pagamento. É de se pensar. Continuar dessa forma é condenar empresas e empregos à morte, com prejuízos irrecuperáveis para o Rio Grande e o Brasil.
             Boa quinta-feira a todos.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Palocci caiu quando brigou com Temer. Ontem a queda apenas foi oficializada...

Queda anunciada: Palocci sai

                 Antônio Palocci deixou ontem o governo Dilma após a Folha de S. Paulo ter publicado há três semanas uma reportagem revelando seu enriquecimento repentino. A queda foi oficializada ontem, mas não tenho dúvida de que Palocci assinou sua carta de demissão há 10 dias, quando bateu boca com o vice-presidente Michel Temer.
                 Sem o apoio do PMDB e sem articulação junto ao Congresso, o ex-chefe da Casa Civil se viu isolado dentro do governo. No outro dia, ligou para Temer para se desculpar, mas já era tarde. A relação havia azedado depois da cobrança exasperada ao vice-presidente na votação do novo Código Florestal.
                 Temer é hoje a maior liderança peemedebista e, ao lado de Sarney, controla as nomeações e joga com a força do PMDB para ocupar mais espaço dentro do governo. Também pesou para a saída de Palocci o fato de pesquisas apontarem que a crise estava chegando a Dilma, com queda em sua popularidade. Sem experiência, a presidente se viu obrigada a aceitar a demissão de seu ministro e busca, a partir de agora, um perfil mais técnico para a Casa Civil com a nomeação da senadora Gleisi Hoffmann (PT). Tudo para não se tornar cada vez mais refém de seu principal aliado que, com apenas cinco meses de governo, cobra diariamente a fatura da eleição.
                 Bom dia a todos.

terça-feira, 7 de junho de 2011

A última do MEC: erros de matemática em 7 milhões de livros

                                   Haddad: ministro ou trapalhão??

Era só o que faltava: depois dos livros com erros de concordância e admitidos como corretos, o Ministério da Educação (??) distribuiu agora livros didáticos com erros de matemática e diagramação às  escolas rurais.
As “obras” custaram a bagatela de R$ 14 milhões e apresentam erros graves, como 10 – 7 = 4, bem como frases incompletas. Em uma delas, pode-se ler: "Invente mais três apelidos para a Mônica e explique o", constataram professores contratados para revisar o material.
No total, foram confeccionadas 200 mil coleções, com obras de diversas disciplinas, distribuídas a 37 mil escolas rurais. A Controladoria Geral da União (CGU) abriu sindicância para apurar responsabilidades, mas o fato apenas resume a forma como a Educação é tratada no Brasil.
O mínimo que o ministro (?) Fernando Haddad poderia fazer diante de mais uma “babada” em sua pasta era demitir-se, renunciar ao posto diante de sua total incapacidade de gerir seus próprios quadros técnicos. Sua permanência no cargo como se nada tivesse ocorrido é o atestado de que a Educação continuará sendo feito dessa maneira no País – sem conseguir sequer publicar livros de forma correta ou aplicar provas de avaliação para estudantes do ensino médio.


segunda-feira, 6 de junho de 2011

Quando a culpa é da Imprensa, algo está errado


Falcão, em foto de Lucas Uebel

         Paulo Roberto Falcão está há pouco mais de 60 dias no comando técnico do Internacional e já sente a pressão e as cobranças do que é treinar uma grande equipe. Afastado por 18 anos da casamata, Falcão precisa de um tempo para se readaptar ao ambiente de vestiário até implantar suas ideias, certo? Certo, desde que ele não estivesse em um clube acostumado a ganhar títulos nos últimos anos.
        Depois que deixou os microfones, o sempre bem humorado ex-camisa 5 colorado tem demonstrado sinais de abatimento, irritação e, em suas últimas entrevistas, prometeu repensar sua relação com a Imprensa. Falcão comete um erro ao ver em setores da crônica o motivo para seu insucesso em campo.
        Sem padrão de jogo e até mesmo uma escalação definitiva, o treinador ainda não disse a que veio. O equícovo - encontrar entre os jornalistas os culpados por respostas que não consegue dar - é algo que se verifica com frequencia no meio político. Quando o ambiente não está bem, é comum deputados, prefeitos, governadores e vereadores encontrarem em setores da Imprensa alguém disposto a desestabilizá-los.
        Palocci amelalhou R$ 20 milhões em cinco anos? Culpa da Folha de S. Paulo que publicou.... O mais correto seria fazer a mea culpa, aprender com seus erros e seguir em frente. Mas, como se sabe, vestiário de vencedor é bem diferente do vestiário de quem perde ou está patinando. O mesmo vale para gabinetes em ascensão e gabinetes na descendência.
        Boa semana a todos.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

O Brasil não precisa de mais estados


           Está em gestação mais um absurdo produzido por Brasília. A Câmara dos Deputados aprovou a realização de plebiscito para a população decidir se concorda com a criação de dois novos Estados no Brasil -Carajás e Tapajós, que poderão ser desmembrados do Pará.
          Carajás terá 39 municípios, no Sul e Sudeste do Pará, e área de  25% do território atual do Estado. Tapajós contará com 27 cidades e ocupará o Oeste do Estado, com 58% de sua área atual. Resumo: a brincadeira de mau gosto custará, de acordo com informações preliminares, cerca de R$ 2 bilhões aos cofres públicos ao ano.
           Em um País onde faltam recursos para Saúde, Infraestrutura, Segurança e Educação, nao tem sentido jogar no lixo essa dinheirama toda para criar novos cargos e estrutura política. A decisão final será do Senado, que votará a matéria em breve. Dificilmente a decisão será reformulada, já que os estados do Nordeste têm a maioria em plenário. É uma pena, pois a farra com o dinheiro público, nosso dinheiro, diga-se, parece não ter fim. Enquanto isso, temas importantes da agenda nacional, como as reformas tributária e política, por exemplo, continuam engavetados. Está na hora de os políticos pararem de olhar para o próprio umbigo. O Brasil não precisa de mais estados, mas sim, diminuir uma estrutura pesada e ineficiente, com melhor aplicação dos recursos públicos.
          Bom final de semana a todos.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Parem o mundo que eu quero descer!

           

            O Brasil dos últimos tempos tem se revelado um País surpreendente. Senão, vejamos. Ontem, depois de tentar reescrever a história, José Sarney voltou atrás e mandou recolocar os painéis com o impeachment de Fernando Collor de Mello na exposição que conta a participação do Senado nos principais fatos históricos. Isso depois de a Imprensa e a sociedade terem rechaçado a ideia maluca do senador, claro.
            Na mesma terça-feira, a presidente Dilma Roussef anunciou a privatização de três aeroportos: Juscelino Kubitschek, em Brasília, Guarulhos e Viracopos, ambos em São Paulo. Já a Infraero, estatal que hoje é responsável pela administração dos aeroportos, ficará com 49% do controle acionário das empresas que serão criadas para gerir os terminais. Tradução: o governo do PT reconhece que não tem condições de dar a infraestrutura aeroportuária necessária para a Copa do Mundo de 2014 e fez o correto - entregar para a iniciativa privada. Em outros tempos, isso seria uma heresia, mas no Brasil de 2011 pode.
            Também na terça-feira, o governo do Estado anunciou que estuda implantar no Rio Grande do Sul o projeto da Prefeitura de Canoas, do PT, diga-se, para premiar professores, a partir de critérios técnicos de avaliação. Tradução 2: a proposta segue o mesmo modelo proposto pelo governo de Yeda Crusius, a tão discutida e criticada "meritocracia". Como se vê, o que não valia antes, agora parece estar valendo. Recicladas ideias para novos tempos. Alguém que chegasse hoje ao Brasil certamente não entenderia nada do que está ocorrendo e, provavelmente, pediria: "parem o mundo que eu quero descer", parafraseando Raul Seixas e sua sociedade alternativa.
            Boa quarta-feira a todos.