quinta-feira, 29 de março de 2012

Sobre ligações perigosas e morte em vida de um senador

Nas cordas: parlamentar tenta explicar o inexplicável

         Um dos maiores expoentes da Oposição, o senador Demóstenes Torres caiu em desgraça depois que foram reveladas suas ligações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. O parlamentar admite que recebeu do amigo um telefone especial para conversar com ele. São essas conversas que a investigação policial gravou cerca de 300 vezes nos últimos oito meses. Muitas delas comprometedoras e que revelam uma amizade próxima demais com um contraventor.
        Para completar, o senador tamém ganhou de Cachoeira um fogão e uma geladeira. Os mimos foram oferecidos pelo bicheiro no casamento de Demóstenes, no ano passado. Ontem, no Senado, Torres admitiu a pessoas próximas que "está morto" politicamente, mas que não vai renunciar nem se licenciar do cargo, como revela a Folha de S. Paulo desta quinta-feira.
         Combativo ao PT durante nove anos, o senador colecionou inimigos ao longo deste período ao denunciar os descalabros do governo. Agora, aqueles que antes Demóstenes acusava apontam-no o dedo, pedem novas diligências, prometem levá-lo ao Conselho de Ética e buscam fustigá-lo ainda mais.
        Apesar de ter iniciado um novo mandato há pouco mais de um ano, Demóstenes está acabado e, a partir de agora, passa a ser mais um zumbi em Brasília. Ninguém mais quererá saber de seus projetos. Quando a imprensa se aproximar será apenas para perguntar de Carlinhos Cachoeira ou se irá renunciar. E, se o temporal passar, sempre haverá alguém para recorda a história na mídia, muitas vezes dentro de seu próprio partido.
       É a política reafirmando a velha máxima bíblica: diga-me com quem andas que te direi quem és. Ao associar seu nome a alguém cuja conduta não seja a mais recomendável é preciso levar em conta que, mais dia menos dia, esse amigo trará problemas. É questão de tempo para explicar o inexplicável... Seja para a família e amigos, seja para os eleitores ou a opinião pública.
       Bom final de semana a todos!

quinta-feira, 22 de março de 2012

Uma cartilha para a Geração Z


           O Colégio Farroupilha, de Porto Alegre, comemorou esta semana 126 anos. Para marcar a data, apresentou uma série de mudanças em seu site e publicou uma cartilha para seus alunos voltada às redes sociais. 
           A iniciativa é louvável sob todos os aspectos, mas fundamentalmente, porque alerta para os perigos implícitos na internet e, de modo especial, nas redes sociais. Além disso, dá dicas para a gurizada, a chamada Geração Z, essa turma que nasceu nos anos 2000 e sabe tudo de computadores, games e novidades da tecnologia, mas conhece muito pouco sobre como se portar na rede mundial.
          É a escola contribuindo com os pais (ah, os pais! Sempre correndo e sem tempo para ver o que seus pupilos acessam, compartilham ou fazem...), mais uma vez. Há muito tempo que alerto, seja em palestras ou em contato com as pessoas, dos perigos que chegam diariamente pelo computador.
          Fico apavorado em ver pessoas publicando fotos de seus carros, casas, interiores de suas residências e locais frequentados. Ao fazerem isso, ignoram que estão passando informações valiosas a bandidos - sim, eles também monitoram as redes sociais... -, além de se exporem para pessoas que não merecem fazer parte de suas vidas.
          Ah! Em tempo: a cartilha também dá dicas para a galera de como se portar na rede e como cuidar de sua imagem virtual. E, como se sabe, imagem é tudo nos dias de hoje.
          Bom resto de semana a todos.


quinta-feira, 15 de março de 2012

Estilo Dilma rejeita partidos e políticos

Opostos: Dilma não gosta de
 negociar, ao contrário de Lula
      

           Dilma Roussef chegou à Presidência da República sem ter disputado qualquer cargo político anteriormente. Para muitas pessoas, isso não tem qualquer relevância mas, nas relações com o Congresso, esta carência se revela em sua plenitude.
           Não é segredo para ninguém que a presidente nunca teve como objetivo concorrer, mas sim, apenas trabalhar nos bastidores. Técnica, demonstra no exercício da Presidência pouca paciência para receber partidos e políticos que, no final das contas, querem sempre tratar dos mesmos assuntos: mais cargos e liberação de emendas. Traduzindo para o bom português e indo direto ao assunto - o que eles querem mesmo é indicar seus apaniguados e colocar a mão na grana, pois não é segredo para ninguém - muito menos para Dilma -, que muitos parlamentares vendem emendas para suas bases.
          O resultado dessa equação é que volta e meia há crise nas relações com os partidos. Esta semana Dilma trocou as lideranças do governo na Câmara Federal e no Senado para tentar melhorar sua articulação com a "base aninhada", digo, a base aliada. Não deu certo. O PR, de tantas e surradas maracutaias no Ministério dos Transportes, se rebelou porque não ganhou a direção do DNIT, o poderoso órgão que trata de construções de estradas e cujo orçamento é de cerca de R$ 20 bilhões/ano. Como não ganhou o que queria, anunciou que sua bancada de sete senadores estava indo para a oposição. O número de parlamentares pode parecer pouco, mas em votações decisivas torna-se o fiel da balança no Senado.
          As queixas ainda seguem no PMDB e no próprio PT, descontentes com o tratamento recebido. A turma anda mal acostumada com o velho balcão de negócios de Brasília e que, durante os oito anos de governo Lula, funcionou nas 24h do dia, sem fechar em feriados ou finais de semana. Lula logo entendeu que era preciso entregar parte do governo aos picaretas e fechar os olhos para poder governar. Refém dos grandes partidos no escândalo do Mensalão, entregou os aneis na certeza de que havia espaço para todas as matizes e cores políticas em seu ministério.
         Dilma, ao contrário de seu padrinho, demonstra total desapego à presença das lideranças políticas e de partidos à sua volta. Ter que recebê-los em audiência é um sacrifício, pois a cantilhena política cansa seus ouvidos. Ao mesmo tempo em que procura demonstrar luz própria e imprimir seu estilo de governar, a presidente tenta se libertar das velhas amarras construídas por Lula. A tarefa não é fácil, pois a classe política costuma olhar mais para seu umbigo em detrimento aos interesses do País.
Bom final de semana a todos!

segunda-feira, 12 de março de 2012

Cai Ricardo Teixeira....e a CBF muda não mudando....

                                                                                                Foto Reuters
Marin: o homem gosta de medalhas

            Ricardo Teixeira não é mais o todo-poderoso na Confederação Brasileira de Futebol. Pelo menos legalmente... O ex-presidente renunciou nesta segunda-feira ao cargo depois de 23 anos de reinado absoluto, indicado pelo sogro, João Havelange.
            Abatido pelas inúmeras denúncias de enriquecimento ilícito, favorecimento, corrupção e toda ordem de ilegalidades, Teixeira deixa em seu lugar seu preposto e vice-presidente, José Maria Marin. Com isso a CBF muda não mudando, pois nos bastidores Teixeira seguirá dando as cartas.
            O novo presidente da entidade ficou famoso nacionalmente na final da Copa São Paulo de Futebol Júnior deste ano durante a cerimônia de entrega das premiações. Marin embolsou uma das medalhas sem o menor constrangimento, apesar da presença da Imprensa no local e de ter sido filmado pilhando a honraria destinada aos campeões.
            Se um cidadão faz isso com uma simples medalha, podemos esperar pouco de sua administração até 2015 - período em que encerra o mandato da atual gestão. Para completar, José Maria Marin assume por tabela a Presidência do Comitê Organizador Local da Copa 2014. Ou seja, será nosso representante junto à Fifa. Tradução: podemos aguardar novos embaraços para o Brasil até lá, pois José Marin reconduziu todos os vice-presidentes aos seus cargos, mantendo assim a mesma estrutura viciada de Teixeira.
           A propósito: faz tempo que o futebol brasileiro está precisando de uma faxina. Desde que o esporte passou a mexer com cifras bilionárias há pouca transparência e muita maracutaia em todos os níveis - começando pela Fifa e chegando até a maioria dos clubes. Só não ver quem não quer...
Boa semana a todos!

quarta-feira, 7 de março de 2012

Inter e Andrade Gutierrez colocaram o bode na sala...e a reforma vai sair...

Contrato será assinado na próxima semana

           A direção do Sport Club Internacional e a construtora Andrade Gutierrez colocaram o bode na sala na semana passada, fazendo do impasse na reforma do Beira-Rio o centro das discussões. O tema se transformou em um Gre-Nal no Estado, com opiniões apaixonadas de lado a lado, enquanto que, nos bastidores, se construía as condições para que o BNDES desse o aval para o financiamento da obra.
          Deu certo. Depois do "susto" e da "reprimenda" da presidente Dilma, tudo ficou acertado e o que antes era uma ameaça agora se transforma em alegria de lado a lado. De parte do Inter, que tem a garantia de sediar a Copa no Rio Grande do Sul; de parte da construtora, que conseguiu o que queria: financiamento público para tocar mais um projeto privado.
          No mundo dos negócios e na política, "colocar o bode na sala" é um expediente corriqueiro. As partes combinam entre si e, com risco calculado, transformam o problema em pior do que pode ser. Diante do espanto geral, a dificuldade é sanada rapidamente. E o bode deixa a sala de fininho...
          No caso do imbróglio Inter/AG, começou com uma nota oficial da empresa na mídia gaúcha, em um sábado, "pegando todos de surpresa". A direção colorada chegou a dizer que não sabia do conteúdo da nota, apesar de ter ficado comprovado que teve acesso ao documento antes de sua publicação.
          De qualquer forma, no fim das contas, vamos todos pagar a conta da Copa, que terá cerveja liberada nos estádios para atender um dos patrocinadores da Fifa (afinal, quem paga a orquestra escolhe a música....) e feriado nos dias em que o Brasil entrará em campo. Pra frente, Brasil!
          Boa semana, amigos!