quarta-feira, 27 de março de 2013

Engenhão, mais uma prova de que obras no Brasil não são para durar



Rachadura na cobertura do Engenhão: estádio foi inaugurado em 2007

         O prefeito do Rio, Eduardo Paes, surpreendeu o Brasil nesta terça-feira (26.03) ao anunciar que a cobertura do Engenhão corre o risco de desabar. Com isso, o estádio está interditado para os jogos do Carioca e Brasileiro.
          Inaugurado em junho de 2007 a um custo de R$ 380 milhões, o Engenhão é mais uma prova do descaso da maioria das autoridades no uso de verbas públicas. O mesmo ocorre com estradas, casas populares, pontes e viadutos, e até mesmo hospitais. Basta qualquer vistoria ou rodar por vias recém-inauguradas para constatar os problemas que surgem meses após a entrega das obras. Fica claro que o importante é entregar o projeto e não fazer algo duradouro e que fique como um legado para as futuras gerações.
         O Botafogo, que ganhou do governo do Rio o uso da arena por 20 anos, informou que em 2010 já havia constatado falhas na obra e havia apresentado um laudo apresentando os problemas estruturais à prefeitura. Ou seja, não há novidade no caso do Engenhão, assim como não há em obras inacabadas ou mal feitas pelo Brasil afora.
Bom dia a todos. 

quinta-feira, 14 de março de 2013

Francisco, a mudança possível...e necessária...


Bergoglio causa boa impressão na chegada

       Não é segredo que a Igreja Católica vive um momento difícil, com a perda de fiéis e desconfiança geral após escândalos de pedofilia e corrupção. Com a informação circulando livremente pelo mundo, esconder pequenas ou grandes falhas, seja em uma empresa ou na igreja, não é mais possível.
        Diante deste cenário, Bento XVI renunciou. Deixou o Trono de Pedro para entrar para a história. Ao mesmo tempo, emitiu uma mensagem clara para a própria igreja e seu rebanho: é preciso mudar, e não tenho forças para realizar as mudanças que os novos tempos exigem.
         E eis que chegamos ao dia 13 de março de 2013, quando 115 cardeias elegeram Jorge Mario Bergoglio como o novo bispo de Roma e, portanto, o novo papa.
         Em sua primeira aparição o arcebispo de Buenos Aires impressionou por seu bom humor, humildade, descontração e, principalmente, pela escolha do nome – Francisco.
      Assim como o cardeal Ratzinger escolheu Bento para demonstrar que seguiria um perfil mais conservador para seu papado, Bergoglio aponta que quer uma igreja menos ostentadora e mais franciscana; com menos pompa e mais próxima do povo.
         Se você chegou até este ponto do meu texto já sabe que sou católico de ir à missa (nem sempre...), resultado de uma educação recebida de minha tia, Helena, que largou o hábito para me cuidar ainda na infância. Ontem, assim como milhões de pessoas em todos os continentes, a escolha do novo papa paralisou-me no trabalho. Todas as atenções estavam voltadas para o Vaticano. No final, argentino, sul-americano, tudo isso fica pequeno diante das responsabilidades de Francisco. Era a mudança possível e necessária que a Igreja Católica precisava fazer para dizer ao mundo que um novo tempo pode estar começando.
       Vida longa ao papa e que Deus o ilumine na caminhada, que não será fácil. Boa semana a todos.

terça-feira, 5 de março de 2013

Poder animal


Rosinha na janela: cara de pidona 

       Ontem minha companheira de 16 anos morreu. Rosinha, nossa cachorra, foi morar há dois anos comigo em Lomba Grande e, com seu olhar de “pidona”, me conquistou desde o primeiro dia em que a vi. Era o fim do verão de 1996 e duas crianças chegaram no portão da casa da praia gritando:
  • A cachorra deu cria e o pai quer matar os filhotes. Nós queríamos saber se vocês querem ficar com um dos filhotinhos, moço...
      Eu não queria, mas fui convencido. E assim a Rosinha veio para Novo Hamburgo. Cabia na mão, uma mistura de fila com guaipeca – a melhor raça... Ficou na casa da minha avó “emprestada”, Sibila, que cuidava dela pra mim. Quando ia visitar a Bila, precisava muitas vezes me esconder da Rosinha, pois se ela me visse era choro na certa e muitos minutos de carinho no portão. Entrar no pátio não era fácil, pois ela pulava e metia as patas nas roupas da gente...
     Até que fui para o morro, há dois anos, e ela foi comigo. Todo dia, quando chegava em casa, independentemente do horário, ela me esperava na área. Latia muito, como se reclamasse de ter ficado o dia sozinha...
No início, quando ainda estava na coleira para se acostumar, porque senão ela fugia para todas as demais propriedades, era preciso colocá-la na guia e andar pelo morro por um bom tempo....mesmo em dias frios de inverno....mesmo que fosse tarde da noite....
E assim, fomos nos apegando um ao outro. Sempre dizia para ela:
  • Rosa, contigo não posso brigar, pois tu me recebe todo dia com alegria e fazendo festa...
      Mas então, a idade veio chegando, o tempo passando e ela adoeceu. Tentei uma última medida, a cirurgia de mama, mas ela não resistiu às complicações.
     Aos poucos, fui postando fotos dela no morro e dando notícias para os amigos sobre o estado de saúde da cachorra. Para minha surpresa, os tópicos mais “curtidos” e comentados não eram os de política ou comportamento, mas sim, sobre a Rosa...
Sabia que eu iria sentir falta dela quando ela partisse, mas sinceramente, não esperava que fosse tanto...Isso me surpreendeu, pois a última vez que senti isso foi na minha infância, quando uma gata de estimação morreu. A reação das pessoas que a conheceram, e sobretudo as que não a conheceram, mas que sabiam de meu amor por ela, é igualmente surpreendente.
     É o pode animal - o amor que os animais nos dão sem pedir nada em troca é a razão que explica a reação de todos e também porque mais e mais pessoas, a cada dia, se importam mais com os animais do que, muitas vezes, com as pessoas. Talvez porque estejamos nos tornando mais animais, menos humanos, e os animais, à sua maneira, tornando-se mais humanizados a cada dia.
    Enfim, obrigado a todos e uma ótima semana a todos.