Rosinha na janela: cara de pidona
Ontem minha companheira
de 16 anos morreu. Rosinha, nossa cachorra, foi morar há dois anos
comigo em Lomba Grande e, com seu olhar de “pidona”, me
conquistou desde o primeiro dia em que a vi. Era o fim do verão de
1996 e duas crianças chegaram no portão da casa da praia gritando:
Eu não queria, mas fui
convencido. E assim a Rosinha veio para Novo Hamburgo. Cabia na mão,
uma mistura de fila com guaipeca – a melhor raça... Ficou na casa
da minha avó “emprestada”, Sibila, que cuidava dela pra mim.
Quando ia visitar a Bila, precisava muitas vezes me esconder da
Rosinha, pois se ela me visse era choro na certa e muitos minutos de
carinho no portão. Entrar no pátio não era fácil, pois ela pulava
e metia as patas nas roupas da gente...
Até que fui para o
morro, há dois anos, e ela foi comigo. Todo dia, quando chegava em
casa, independentemente do horário, ela me esperava na área. Latia
muito, como se reclamasse de ter ficado o dia sozinha...
No início, quando
ainda estava na coleira para se acostumar, porque senão ela fugia
para todas as demais propriedades, era preciso colocá-la na guia e
andar pelo morro por um bom tempo....mesmo em dias frios de
inverno....mesmo que fosse tarde da noite....
E assim, fomos nos
apegando um ao outro. Sempre dizia para ela:
Mas então, a idade
veio chegando, o tempo passando e ela adoeceu. Tentei uma última
medida, a cirurgia de mama, mas ela não resistiu às complicações.
Aos poucos, fui
postando fotos dela no morro e dando notícias para os amigos sobre o
estado de saúde da cachorra. Para minha surpresa, os tópicos mais
“curtidos” e comentados não eram os de política ou
comportamento, mas sim, sobre a Rosa...
Sabia que eu iria
sentir falta dela quando ela partisse, mas sinceramente, não
esperava que fosse tanto...Isso me surpreendeu, pois a última vez
que senti isso foi na minha infância, quando uma gata de estimação
morreu. A reação das pessoas que a conheceram, e sobretudo as que
não a conheceram, mas que sabiam de meu amor por ela, é igualmente
surpreendente.
É o pode animal - o
amor que os animais nos dão sem pedir nada em troca é a razão que
explica a reação de todos e também porque mais e mais pessoas, a
cada dia, se importam mais com os animais do que, muitas vezes, com
as pessoas. Talvez porque estejamos nos tornando mais animais, menos
humanos, e os animais, à sua maneira, tornando-se mais humanizados a
cada dia.
Enfim, obrigado a todos
e uma ótima semana a todos.