terça-feira, 5 de março de 2013

Poder animal


Rosinha na janela: cara de pidona 

       Ontem minha companheira de 16 anos morreu. Rosinha, nossa cachorra, foi morar há dois anos comigo em Lomba Grande e, com seu olhar de “pidona”, me conquistou desde o primeiro dia em que a vi. Era o fim do verão de 1996 e duas crianças chegaram no portão da casa da praia gritando:
  • A cachorra deu cria e o pai quer matar os filhotes. Nós queríamos saber se vocês querem ficar com um dos filhotinhos, moço...
      Eu não queria, mas fui convencido. E assim a Rosinha veio para Novo Hamburgo. Cabia na mão, uma mistura de fila com guaipeca – a melhor raça... Ficou na casa da minha avó “emprestada”, Sibila, que cuidava dela pra mim. Quando ia visitar a Bila, precisava muitas vezes me esconder da Rosinha, pois se ela me visse era choro na certa e muitos minutos de carinho no portão. Entrar no pátio não era fácil, pois ela pulava e metia as patas nas roupas da gente...
     Até que fui para o morro, há dois anos, e ela foi comigo. Todo dia, quando chegava em casa, independentemente do horário, ela me esperava na área. Latia muito, como se reclamasse de ter ficado o dia sozinha...
No início, quando ainda estava na coleira para se acostumar, porque senão ela fugia para todas as demais propriedades, era preciso colocá-la na guia e andar pelo morro por um bom tempo....mesmo em dias frios de inverno....mesmo que fosse tarde da noite....
E assim, fomos nos apegando um ao outro. Sempre dizia para ela:
  • Rosa, contigo não posso brigar, pois tu me recebe todo dia com alegria e fazendo festa...
      Mas então, a idade veio chegando, o tempo passando e ela adoeceu. Tentei uma última medida, a cirurgia de mama, mas ela não resistiu às complicações.
     Aos poucos, fui postando fotos dela no morro e dando notícias para os amigos sobre o estado de saúde da cachorra. Para minha surpresa, os tópicos mais “curtidos” e comentados não eram os de política ou comportamento, mas sim, sobre a Rosa...
Sabia que eu iria sentir falta dela quando ela partisse, mas sinceramente, não esperava que fosse tanto...Isso me surpreendeu, pois a última vez que senti isso foi na minha infância, quando uma gata de estimação morreu. A reação das pessoas que a conheceram, e sobretudo as que não a conheceram, mas que sabiam de meu amor por ela, é igualmente surpreendente.
     É o pode animal - o amor que os animais nos dão sem pedir nada em troca é a razão que explica a reação de todos e também porque mais e mais pessoas, a cada dia, se importam mais com os animais do que, muitas vezes, com as pessoas. Talvez porque estejamos nos tornando mais animais, menos humanos, e os animais, à sua maneira, tornando-se mais humanizados a cada dia.
    Enfim, obrigado a todos e uma ótima semana a todos.

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