quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Quem matou a juíza? Quem matou Norma? O que realmente importa para o brasileiro?

Insensato Coração: mistério prende atenção do Brasil

                 Até amanhã, quando será apresentado o último capítulo de Insensato Coração, o Brasil fica em suspense e se pergunta: quem matou Norma? Nas redes sociais, coletivos e em rodas de bate-papo é comum ouvir as pessoas elocubrando e se questionando sobre quem teria sido o "assassino" e a motivação de cada personagem da novela para fazê-lo.
                Estranhamente, a mesma preocupação não se vê em relação à morte da juíza carioca, Patrícia Acioli, barbaramente assassinada há exatamente uma semana depois de tentar enfrentar o crime organizado e as milícias no Rio, mesmo tendo solicitado proteção especial e reforço em sua guarda pessoal diante das tantas ameaças recebidas.
                Em um primeiro momento, os dois fatos podem parecer desconectados, mas na verdade ajudam a explicar um pouco deste País continental que não se explica, mas se sente, como diz a publicidade. O importante para o brasileiro - e isso não é por acaso -, é saber o que vai ocorrer na novela, como seu time está na tabela de classificação, se foi pênalti ou não, se o jogador estava em posição de impedimento, se o vilão vai "pagar pelo que fez" ou se os mocinhos vão ficar juntos no final.
               Corrupção que assola o Brasil, violência crescente, o crack que bate à porta da escola e destroi famílias a todo momento, a violência do trânsito, que a cada final de semana mata 16 pessoas apenas no Rio Grande do Sul? Tudo bobagem, conversa sem fundamento, temas que não são palatáveis para o brasileiro médio.
              E a mídia, espertamente, descobriu e fomentou isso desde muito cedo, ainda no regime militar. É por isso que temos horário nobre para o futebol, com horas e horas de transmissões semanalmente de todas as séries e campeonatos de todos os continentes, sem contar os intermináveis debates pós-jogo e páginas e páginas nos jornais, o que garante que poucos ganhem rios de dinheiro e muitos continuem comprando camisas, participando de bolões e apostas, pagando ingressos e mensalidades de sócios, ainda que em casa falte o pão e o leite.
             O mesmo vale para a novela, o ópio do povo, onde aprendemos que trabalhar é um hobby para a maioria, que trair e coçar é só começar, e que ser honesto vale muito pouco ou praticamente nada. Meu sonho é ver esse canhão direcionado para temas como Educação, combate à corrupção, que dinheiro é importante na vida de cada um - MAS NÃO É TUDO -, que honestidade e respeito são valores caros para uma sociedade que quer evoluir e melhorar a cada dia.
             Até que isso ocorra, muitas Patrícias terão perdido a vida enquanto o mar de lama escorre por Brasília e invade nossa rua, roubando-nos o presente e o futuro.
             Até amanhã.
             



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