quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Mensalão, esquecer é um crime


            Neste Brasil cada dia mais amoral, onde os escândalos são parte da rotina, há uma campanha em curso para fazer com que o Mensalão caia no esquecimento ou seja tratado como algo menor. Alguns ainda querem fazer crer que o maior escândalo de nossa história contemporânea sequer existiu. Um escárnio com a verdade e, sobretudo, com as pessoas de bem deste País.
           Delúbio Soares, tesoureiro do PT e um dos arquitetos do esquema que comprava deputados e senadores em troca de apoio no Congresso para o governo Lula, chegou a declarar que o Mensalão ainda iria virar piada de salão, mesmo tendo sido comprovada a distribuição de R$ 60 milhões a parlamentares...
          Esta semana o Supremo Tribunal Federal admitiu que o caso pode ficar sem julgamento, tendo em vista que prescreve em abril de 2012. Era o que faltava para José Dirceu e os 40 ladrões denunciados pelo procurador Geral da República, em 2006, tentarem reescrever a história. Diante disso, cabe à sociedade demonstrar sua inconformidade com esse verdadeiro absurdo que está em curso no País. É o que faço no dia de hoje com este artigo.
          O fato é que Lula descobriu muito cedo que havia pelo menos 300 picaretas no Câmara. Logo que assumiu o governo, escalou José Dirceu para negociar com partidos e parlamentares. Pronto: em poucos meses o chefe da Casa Civil estava comprando o silêncio e a consciência de muita gente. Como nem tudo é perfeito, a turma brigou pelos motivos de sempre: a divisão do butim.
          A investigação na Câmara começou com a denúncia apresentada em um vídeo onde um diretor dos Correios, indicado pelo PTB, aparecia recebendo R$ 10 mil para facilitar a vida de uma empresa prestadora de serviços e que precisava renovar o contrato. Puxado o fio da meada pela CPI dos Correios, logo logo o escândalo bateu à ante-sala de Lula.
Roberto Jefferson mandou Zé Dirceu sair da cadeira rapidinho em uma das mais memoráveis sessões de uma CPI, precipitando a queda do todo poderoso homem do presidente, o cara a quem Lula se referia como “o capitão” do seu time.
         Na sequencia, Dirceu teve os direitos políticos cassados, mas seguiu mandando e operando nas sombras, indicando presidentes de estatais, ministros e sendo voz ativa no PT. Alguns poucos parlamentares renunciaram para não ter o mesmo destino, Lula disse que nada sabia, falou que se sentia traído, bla, bla, bla...E se reelegeu na esteira do crescimento econômico mundial, no qual o Brasil, um dos maiores fornecedores de matéria-prima, surfou na onda da globalização.
        Já que o Congresso estava no colarinho do governo, coube ao procurador da República fazer dele o que se espera: apresentar a denúncia ao STF. Aceita, os envolvidos trataram de usar os muitos artifícios que a lei permite e foram postergando o julgamento até que, bingo, o STF admitiu que não haverá prazo legal para analisar o caso...
        Pois bem: o Mensalão existiu. É um crime esquecê-lo. A Justiça e quem faz as leis deveriam ser os primeiros a saber disso.

Bom final de semana a todos.

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