terça-feira, 8 de novembro de 2011

A herança maldita de Dilma

Posse: ministério como legado

                 Dilma virou presidente sem nunca querer ter sido presidente. Sabia desde o início que era o "pré-sal" do PT depois de tantas denúncias de corrupção no governo Lula e a queda de ministros que postulavam o cargo muito antes do que ela, como José Dirceu e Antônio Palocci, fundadores e petistas de carteirinha.
                Nos anos 90, ela desembarcou na sigla juntamente com um grupo de trabalhistas gaúchos que abandonaram o PDT após o rompimento da aliança no governo de Olívio Dutra. Preferiu o cargo e seus projetos. Nada contra, afinal, a vida é feita de escolhas. E eis que, em meio ao turbilhão de Brasília, "a mãe do PAC" (mesmo que nem 30% das obras tenham sido realizadas...) surge como o nome ungido por Lula para sucedê-lo, apesar das tentações de um terceiro mandato. Com a máquina de propaganda a todo vapor e surfando na popularidade do então presidente, Dilma, que nunca sequer havia sido vereadora, chegou à Presidência.
               Como nem tudo é perfeito, teve que aceitar um vice imposto pelo sócio de governo, o PMDB: Michel Temer. Pra completar o quadro da dor, herdou o ministério de Lula. Desde sua posse, não há uma única semana que seu governo não seja bombardeado por denúncias de corrupção nas mais diferentes áreas, envolvendo ministros da Casa Civil (o coração do governo), Transportes, Agricultura, Cidades, Esportes e, mais recentemente, Trabalho e Emprego. 
                É a herança maldita que Dilma recebeu; o filho indesejado que coube à presidente embalar. Para 2012, promete uma reforma ministerial com nomes escolhidos por ela, com perfil mais técnico e menos político. Não será fácil convencer o Congresso e os partidos que lhe dão sustentação no Legislativo. Todos querem seu quinhão e com um político à frente dos ministérios, a conversa é sempre mais palatável.
                Desvincular-se da criatura é apenas uma das tantas tarefas que esperam por Dilma para que seu governo não se arraste pelos próximos três anos. Combater a corrupção que surrupia R$ 85 bilhões por ano; diminuir a máquina do Estado, onde cerca de 120 milhões de brasileiros vivem diretamente dos repasses nos três níveis de governo (Federal, Estadual e Municipal); reduzir uma carga tributária que consome 40% da riqueza do País; e simplificar uma legislação tributária confusa e injusta com mais de 50 impostos e contribuições deveriam ser o foco de sua gestão. Infelizmente, a herança maldita não permite a presidente gastar seu tempo com isso, mas sim, cobrar explicações de seus principais auxiliares semanalmente.
                 Boa semana a todos.

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