quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Quando os justos pagam pelos pecadores...

Santa Cruz do Sul: sem repasse em novembro

          Desde que o mundo é mundo, justos pagam pelos erros dos pecadores. A roubalheira institucionalizada no Ministério do Esporte acabou por prejudicar centenas de entidades filantrópicas que realizam trabalham social de inestimável relevância para o País.
          Explico: a presidente Dilma decidiu suspender por 30 dias todos os convênios com ONG´s e entidades a fim de realizar um pente fino nos contratos. A medida é louvável, mas poderia ter sido criado um critério técnico ou social para separar o joio do trigo ou, se preferirem, os justos dos pecadores. 
          Ao tomar essa decisão, o governo colocou no mesmo balaio os hospitais, por exemplo. Com isso, centenas de casas de saúde que contavam com o repasse de recursos públicos para a compra de equipamentos ou simplesmente fechar as contas, não receberão este mês. O impacto social desta decisão é inestimável. O Hospital de Santa Cruz do Sul, referência para todo o Vale do Rio Pardo, ficará sem o R$ 1,5 milhão conveniado para pagar os equipamentos que já estavam encomendados.
         Enquanto isso, pipocam casos e mais casos de malversação do dinheiro público nas mais diferentes áreas. A última envolve a União Nacional dos Estudantes. A UNE, cuja história de lutas ficou para trás com o adesismo ao governo, recebeu R$ 30 milhões em 2010 para construção da casa do estudante no Rio, em 2010. O então presidente Lula participou do ato de lançamento da pedra fundamental ao lado do governador Sérgio Cabral. Mas, até agora, apesar da montanha de dinheiro ter sido liberada, a casa não saiu da pedra fundamental...
         É demais, é um deboche e uma bofetada no brasileiro a cada dia o descalabro da corrupção no Brasil. A Veja da última semana traz um dado aterrador: a roubalheira é responsável pelo desvio de R$ 82 bilhões ao ano ou 2,3% do PIB.

Confira um trecho da matéria:
        Nos últimos dez anos, segundo estimativas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), foram desviados dos cofres brasileiros R$ 720 bilhões. No mesmo período, a Controladoria-Geral da União fez auditorias em 15.000 contratos da União com estados, municípios e ONGs, tendo encontrado irregularidades em 80% deles. Nesses contratos, a CGU flagrou desvios de R$ 7 bilhões - ou seja, a cada R$ 100 roubados, apenas R$ l é descoberto.
       Desses R$ 7 bilhões, o governo conseguiu recuperar pouco mais de R$ 500 milhões, o que equivale a 7 centavos revistos para cada R$ 100 reais roubados. Uma pedra de gelo na ponta de um iceberg. Com o dinheiro que escoa a cada ano para a corrupção, que corresponde a 2,3% de todas as riquezas produzidas no país, seria possível erradicar a miséria, elevar a renda per capita em R$ 443 reais e reduzir a taxa de juros.
(…)
       As principais causas da corrupção são velhas conhecidas: instituições frágeis, hipertrofia do estado, burocracia e impunidade. O governo federal emprega 90.000 pessoas em cargos de confiança. Nos Estados Unidos, há 9.051. Na Grã-Bretanha, cerca de 300. “Isso faz com que os servidores trabalhem para partidos, e não para o povo, prejudicando severamente a eficiência do estado”, diz Cláudio Weber Abramo, diretor da Transparência Brasil.

       Há no Brasil 120 milhões de pessoas vivendo exclusivamente de vencimentos recebidos da União, estados ou municípios. A legislação tributária mais injusta e confusa do mundo é o fertilizante que faz brotar uma rede de corruptos em órgãos como a Receita Federal e o INSS. A impunidade reina nos crimes contra a administração pública. Uma análise de processos por corrupção feita pela CGU mostrou que a probabilidade de um funcionário corrupto ser condenado é de menos de 5%. A possibilidade de cumprir pena de prisão é quase zero. A máquina burocrática cresce mais do que o PIB, asfixiando a livre-iniciativa. A corrupção se disfarça de desperdício e se reproduz nos labirintos da burocracia e nas insondáveis trilhas da selva tributária brasileira.
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É ou não é para se indignar? 

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