quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Traídos pelo microfone...e a indiscrição....

Trapalhada presidencial na reunião do G-20

                As notícias internacionais de ontem foram pródigas para quem pretende aprender com o erro alheio, especialmente nas áreas política e de comunicação. A primeira delas, divulgada logo no início da manhã, causou constrangimento na diplomacia dos Estados Unidos e França.
                A saia justa foi patrocinada pelos presidentes Barack Obama e Nicolas Sarkozy durante a reunião do G-20, em Cannes, na última semana. Em uma sala reservada, pensando estar desligado o sistema de comunicação, o norte-americano pedia explicações a Sarkozy pelo seu voto a favor da integração da Palestina na UNESCO, na semana anterior.  Foi quando o chefe de Estado francês se referiu ao primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu:
                 - “Estou farto dele, é um mentiroso”, disparou Sarkozy. Obama emendou: 
                 - “Tu estás farto dele, mas eu tenho de o aturar todos os dias”.
                A inconfidência foi traduzida simultaneamente pelo sistema de comunicação do governo francês e ouvida por diversos jornalistas que estavam na sala, apesar de o serviço de tradução da França ter pedido para que os aparelhos só fossem utilizados quando autorizados pela organização do evento.
                 Neste momento entrou a turma do "deixa-disso" e tentou-se uma medida desesperada para que o assunto não vazasse: um acordo com os jornalistas para que a conversa privada ficasse naquele ambiente...
                Não posso acreditar que os governos mais organizados do mundo, com profissionais experientes e preparados nas mais diversas áreas, tenham acreditado que a história pudesse ser mantida em segredo. O pseudo-acordo durou cinco dias, até que ontem um site francês revelou o episódio. Restou aprender com a saia-justa de que não existe acordo para um assunto desta magnitude e repercussão. Segredo em uma pauta relevante como essa - onde dois dos principais líderes do mundo expressam de viva voz sua opinião sobre o principal parceiro do Ocidente no Oriente Médio - é ficção.
                Por fim, restou a lição para todos que: 1. não se pode falar tudo que se pensa em uma conferência, especialmente sem checar se os microfones estão abertos. 2. Segredo só existe se for contado de uma pessoa para outra e se uma delas morrer...

BERLUSCONI E SUAS ANOTAÇÕES
                O dia ainda reservava mais à política internacional com a votação da permanência ou não de Sílvio Berlusconi como primeiro ministro da Itália. Sacudido por sucessivos escândalos - sexuais e de corrupção -, o magnata da comunicação caiu por 308 votos, oito a mais que garantiram o voto de desconfiança do Parlamento italiano.
                Irritado e prevendo a queda eminente, o dono e presidente do Milan começou a rabiscar em um papel seus pensamentos. As câmeras de TV´s, muitas delas transmitindo ao vivo a votação, captaram o destempero do premiê. Nas anotações, lia-se: 
- "Tome nota" e, entre parênteses, "apresente a demissão".
                Na primeira delas, o primeiro-ministro aponta "308 (8 traidores)", enquanto mais abaixo é possíver ler as frases "reviravolta política" e "tome nota, apresente a demissão". No final do texto de Berlusconi, aparece escrito "presidente da República" e "uma solução". Mais tarde, sua assessoria redigiria uma nota onde Sílvio Berlusconi confirmava seu afastamento.
                A Itália ficará melhor sem ele, não tenho dúvidas. Berlusconi já não tinha mais moral ou capital político para enfrentar uma crise que pode arrastar toda a Europa e causar nova convulsão econômica no mundo. Mas, convenhamos, poderia ter saído de outra forma e de forma mais elegante...

Câmeras flagram pensamentos escritos de Berlusconi

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