sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Morreu mais um que não deveria ter nascido

Kadafi: Mad Dog está morto

                O mundo viu ontem mais uma página da História ser virada. Muamar Kadafi, um capitão do exército que ascendeu ao poder em 1º de setembro de 1969 aos 27 anos, foi assassinado na Líbia após 42 anos de poder absoluto e muitas tiranias, especialmente contra seu povo. Forças leais ao governo de transição caçaram o ex-comandante e o assassinaram a sangue frio, exatamente como Kadafi determinava que se fizesse a seus opositores. No fim, implorou para não ser morto. Era tarde.
               Nem sempre foi assim. Al-jamil (o bonitão), como era chamado pelos amigos, e Mad Dog (cachorro louco) para o ex-presidente Ronald Reagan, Kadafi derrubou a monarquia e instituiu uma “jamahiriya” (Estado de massas), de acordo com sua visão. O rei Idris al-Sanussi estava em tratamento na Turquia e não regressou. O príncipe herdeiro, o sobrinho Hassan, foi obrigado a abdicar. Com o caminho aberto, o capitão se auto intitulou coronel. Daí em diante, pintou e bordou durante mais de quatro décadas. 
               Todas as esquisitices e a violência de Kadafi foram permitidas contra seu povo durante muitos e muitos anos. Como se sabe, o que conta, no fim das contas, são os números. E a Líbia é apetitosa justamente por possuir reservas confirmadas de 45 bilhões de barris de petróleo e de 1,5 bilhão de metros cúbicos de gás natural, o que faz com que o País figure entre as dez maiores reservas do mundo.
             Foi de posse desse patrimônio energético que Kadafi governou com mão de ferro. Inicialmentem prometeu que sua revolução socialista seria sem sangue. Apresentou-a como reação contra a corrupção da dinastia Sanussi e a sua "subserviência aos imperialistas" desde a independência, em 1951. Já nos primeiros dias, em um de seus surtos nacionalistas, determinou o encerramento das bases do Reino Unido e dos EUA, e a retirada das tropas. Seguiram-se expropriações e nacionalizações de outros interesses estrangeiros.
            Ao longo dos anos, Kadafi foi se distanciando do Ocidente ao financiar e promover grupos de terrorismo no Mundo Árabe. Por consequencia, em 1982, os EUA proibiram a importação de petróleo da Líbia. Quatro anos mais tarde, depois de um atentado a bomba numa danceteria de Berlim, onde morreram dois norte-americanos, os Estados Unidos lançaram ataques aéreos contra Trípoli e Benghazi, impondo sanções econômicas ao governo de Kadafi. No ataque, a mulher e uma das filhas do ditador morreram em um dos palácios presidenciais.
            Ainda nos anos 80, já no final da década, os americanos acusaram o ditador líbio de ser o mandante dos atentados contra aviões da Pam Am e da UTA, fato que levou a ONU a impor pesadas sanções econômicas em 1992, que duraram até 1999, quando a Líbia, mesmo sem admitir formalmente a autoria dos atentados, pagou indenizações às famílias das vítimas.
            Neste período, Muamar Kadafi governou com mão de ferro. Restringiu liberdades, calou a imprensa, perseguiu adversários políticos e abafou rebeliões de todas as formas. Não se constrangeu em usar até mesmo armas químicas contra tribos rivais, entre elas o agente laranja, impondo mortes terríveis a seus adversários ou a quem simplesmente ousasse em pensar diferente do "líder".
           Enfim, kadafi perde a vida e entra para a história como mais um ditador, colocando-se no mesmo nível de Pol Pot (Vietnã), Sadan Hussen (Iraque), Mao Tse-Tung (China) e tantos outros que fariam um bem à humanidade se não tivessem nascido. 

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